#18 Saneamento Básico
Salvo raras exceções, o esgoto produzido nas favelas do Rio tem três destinos básicos, nenhum deles adequado: os rios e canais da cidade, as praias e as galerias de águas pluviais. Por trás de cada língua negra na praia existe uma comunidade sem tratamento de esgoto. A do Leme, por exemplo, existe há mais de 30 anos e nasce nos morros do Chapéu Mangueira e da Babilônia. O Cantagalo e o Pavãozinho jogam seus dejetos no Canal do Jardim de Alah. Já os da Rocinha podem ser vistos boiando impunimente nas águas de São Conrado.
Os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e os projetos “Sena Limpa” e “Morar Carioca” deveriam minimizar esses problemas, mas avançam muito lentamente. O ex-secretário de Meio Ambiente do Estado Carlos Minc classifica a falta de saneamento nas favelas como “um desastre ecológico de grandes dimensões”. Já o presidente da Cedae, Wagner Victer, acredita que reduzir as valas negras nas comunidades já foi um grande avanço. Ele argumenta que é difícil fazer obras nos morros e que, em algum momento, os investimentos darão resultado.
A questão é saber quando. Enquanto isso, na vida real, o trabalho dos correspondentes do projeto Viva Favela mostra moradores tirando dinheiro do próprio bolso para fazer vaquinha e comprar canos de esgoto. Exibe crianças mergulhando em águas contaminadas, montes de lixos e ratos convivendo em harmonia, rios sem dragagem e muito mais. Registra também a falta de educação e de consciência daqueles que jogam lixo nas encostas e nos canais. O resultado está nesta edição. Uma boa leitura para quem gosta de calcular a distância entre o discurso e a prática.
Por Agostinho Vieira.
Introdução
Um retrato sem retoques do saneamento básico nas favelas do Rio.
Saneamento é básico, mas não existe
Mariana Alvim | RJ
“Não há saneamento nas favelas”
com Raúl Pinho
com Wagner Victer
Redação Viva Favela
Esgoto
Nas comunidades, os olhos vêem, o nariz sente, o corpo adoece. Fora delas, ninguém sabe, ninguém viu. E para quem governa longe das línguas negras, o problema não fede nem cheira.
Falta de saneamento lidera lista de problemas em favela de Bangu
Guilherme Junior | Vila Kennedy | RJ
Descaso, abandono e luta em São Conrado
Cecília Vasconcelos | Rocinha | RJ
Preto no branco: ensaio sobre a sujeira
Roberta Machado | RJ
Água
Lata d’água na cabeça: antes fosse coisa do passado. Torneira seca, racionamento, incerteza, sufoco. Tá tudo aí.
Nova Iguaçu: vizinhos da maior estação de tratamento do mundo sofrem com falta de água e esgoto
Juliana Portella | Nova Iguaçu | RJ
Jardim Gramacho: abastecimento de água precário
Andressa Cabral | RJ
Rocinha sofre com falta d’água em pleno verão
Cecília Vasconcelos | Rocinha | RJ
Lixo
Ninguém gosta de lixo, mas todo mundo produz, acumula e descarta. Quanto, como, onde e quando? É aí que mora o desafio. Produzir menos, separar, e descartar na hora e local certos: são as regras para quem quer jogar limpo.
Pavuna, muito lixo e pouca conscientização
Eli Geovane | Pavuna | RJ
Lixo, ratos e doenças no Morro do Fubá
Raphael Silva | Morro do Fubá | RJ
Não basta reclamar, é preciso fazer a sua parte
Letícia Rocha | Nova Iguaçu
Faça a sua parte
O saneamento básico também depende de você. Informe-se e entenda a importância do tema para a sua saúde e a do planeta. E veja aqui alguns exemplos de como fazer a diferença sozinho, em família ou organizado em sua comunidade ou bairro.
Moradores fazem o trabalho da prefeitura em Itaboraí e São Gonçalo
Paula Brito | Rio Bonito
Redação Viva Favela