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Jardim Gramacho: abastecimento de água precário

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Fotos: Andressa Cabral

Em tempo de escassez, a água tem dia e hora para cair em Jardim Gramacho: terças, quartas e quintas-feiras, no período das 22h às 4h. É esta a situação por que passam os moradores do bairro de Caxias, sobretudo no verão. Desta vez, a população da região está sem abastecimento regular desde dezembro de 2013. Para lidar com a situação, moradores tomam medidas diversas, que vão desde a simples estocagem de água até apelar para as ligações clandestinas com a rede pública.

Pascoal Xavier, presidente da Associação Recreativa e Esportiva Xavier (AREX), mora há mais de 50 anos na comunidade e, diante desta situação, agiu preventivamente. “Até certo ponto da rua a água é boa para se consumir. Depois disso, ela é barrenta. Dá pra usar para fazer faxina, por exemplo, mas não dá para beber. Para me garantir, eu construí um poço na academia. Quando eu tenho uma quantidade razoável, eu colaboro com os vizinhos que não têm água”, conta.

Outros moradores não têm água encanada em casa, pois o abastecimento chega apenas a uma parte do bairro. É o caso de Thamires Dias, que também arruma meios alternativos para não ficar sem água. “Aqui em casa nós temos duas caixas d’água e um barril, onde a gente guarda água da chuva, que serve para lavar roupa, tomar banho… Para beber, nós compramos com o vizinho que tem água encanada”, disse. No período de estiagem, a situação complica. “Quando não chove somos obrigados a comprar uma quantidade maior de água para deixar armazenada. Economizando bastante, ela dura cerca de duas semanas”, calcula.

O caso de Simone Batista é ainda mais grave. Ela trabalhava na coleta de lixo no aterro de Gramacho e ficou desempregada de junho de 2012 a janeiro de 2014. Sem ter como se sustentar, ela contava com o apoio dos vizinhos para fazer uso da água. “Tinha que escolher entre comprar comida para os meus filhos ou água”, conta a catadora.

Os caminhões-pipas, que deveriam atender a comunidade, não vão ao local regularmente e, quando chegam, alguns moradores costumam comprar toda a água e revender para os vizinhos. “O caminhão-pipa cobra R$ 200 por 3000 litros de água. Quem quer comprar tem que se juntar com alguns vizinhos para dividir o dinheiro e a água.”

Um morador que não quis se identificar encontrou uma solução curiosa para ter água em casa. “O cano da Cedae vem até certo ponto. Daqui em diante não tem mais água, incluindo a região onde eu moro. Junto com um vizinho, comprei uma bomba d’água, fizemos um furo no cano da rua e, por meio de uma borracha que vai da rua até minha casa, nós puxamos a água para usarmos”, revela.

População aguarda mudanças

Durante a campanha política, o então candidato e hoje atual prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso (PSD), tinha entre suas propostas a melhoria no abastecimento de água, que a prefeitura iria exigir da Cedae. Caso não houvesse melhora, a prefeitura criaria um sistema de abastecimento operado pelo município. Até o momento a população não viu nenhuma mudança de cenário. Luis Renato, novo secretário de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento do município, está assumindo o cargo com a missão de buscar melhorias no abastecimento do local.
 

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