Single Blog Title

This is a single blog caption

Sinal fechado para transportes de massa na Baixada

Share on Facebook0Tweet about this on Twitter

Fotos: Juliana PortellaA Baixada Fluminense, região que compreende 12 municípios na área metropolitana do Rio de Janeiro (Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Paracambi, Queimados, São João de Meriti e Seropédica) não possui atividade econômica suficiente para empregar e fixar a sua população ativa. Por isso, a maioria dos moradores se desloca diariamente para cidades próximas, principalmente a capital carioca, para, aí, exercer a sua profissão. De acordo com dados do IBGE, Belford Roxo e Nova Iguaçu, estão, respectivamente, em 4º e 14º lugar no ranking de maiores cidades-dormitório do Brasil. Esses dados evidenciam o quanto a Baixada Fluminense depende de uma política eficiente de mobilidade urbana.

Cidades-dormitórios costumam estar ligadas por meios de transporte de massa aos locais de trabalho da maioria de seus residentes. Quando o sistema de transportes não oferece as condições necessárias para atender à demanda satisfatoriamente, o resultado é sofrimento e estresse por parte dos cidadãos. Este, infelizmente, é o caso da Baixada, segundo entrevistados que revelam problemas como a dificuldade de acesso às estações e a inexistência de corredores expressos.

A estudante Ana Kellen Bull, por exemplo, gasta no transporte o mesmo tempo de sua carga horária de trabalho. Ana tem 21 anos, mora em Itaguaí, estuda em Seropédica e faz estágio na Barra da Tijuca. A jovem acorda às 5h para estar na Barra às 8h. “Passo mais tempo no deslocamento do que no estágio e na aula”, conta. No total dos trajetos, ela percorre cerca de 160 km por dia, o que equivale a 6h de viagem de ônibus.

No caminho mais barato, a jovem pega 4 conduções para chegar à Barra e, depois, mais 4 para chegar à Universidade, que fica na BR 465, Km 7, Seropédica. À noite, para retornar, mais duas. O que contabiliza o total de 10 conduções por dia.

“É totalmente desgastante. Chego a ficar desmotivada. Então prefiro pegar o ‘frescão’, pagar a passagem mais cara, mas pelo menos me sinto melhor. Pego uma Kombi até o centro de Itaguaí e lá pego esse ônibus até a Barra. Na volta, eu pego outro frescão até Itaguaí e de lá um ônibus para Seropédica. Pra ir pra casa, pego o ônibus pra Itaguaí, depois uma Kombi para o meu bairro”, relata.

Ela acredita que, se houvesse uma linha de trem ou metrô que atendesse ao seu trajeto, o percurso seria mais rápido. “Mas infelizmente o trem mais próximo é o Campo Grande x Central, e não vale a pena ir para Santa Cruz pegar o BRT”, lamenta.

O governo do Estado do Rio de Janeiro está investindo no projeto do Arco Metropolitano como solução para os problemas viários da região da Baixada Fluminense. A obra, de 145 quilômetros, passará por oito municípios, conectando o Porto de Itaguaí a Itaboraí. Segundo a Secretaria de Obras anuncia em seu site, “o Arco Metropolitano visa estruturar a região metropolitana, através da conexão das cinco grandes rodovias do país – Rio-Santos, Rio-São Paulo, Rio-Belo Horizonte-Brasília, Rio-Bahia e Rio-Vitória – com o Porto de Itaguaí”.

Além disso, o Arco Metropolitano vai permitir a circulação entre os municípios da Baixada Fluminense, a capital e o restante do estado, sem a necessidade de utilizar a Avenida Brasil, que já recebe uma quantidade enorme de veículos por dia. O governo tem divulgado que a obra está em sua etapa final, e que a previsão de conclusão é “2014”. Mas, ainda que possa trazer avanços para a situação “viária”, o projeto não soluciona a carência de transportes de massa para a população.

Aeromóvel em Nova Iguaçu: solução que não saiu do papel

Já em Nova Iguaçu, foi planejado, durante o mandato da prefeita Sheila Gama (PDT), o aeromóvel, veiculo sobre trilhos que, por não possuir motor, é cerca de quatro vezes mais leve que o metrô. Entretanto, o atual prefeito, Nelson Bornier (PMDB), não deu continuidade ao projeto, que já obteve verba do PAC para a sua execução.

“O projeto foi aprovado pelo PAC-II (Programa de Aceleração do Crescimento), que contempla cidades com mais de 700 mil habitantes, e Nova Iguaçu iria receber do governo federal investimentos para viabilizar a instalação do aeromóvel no trecho que liga Cabuçu ao Centro e o Centro a Santa Rita”,informa Fernando Mac Dowell, autor do projeto do aeromóvel, acrescentando que a construção, administração, operação, manutenção e exploração comercial do veículo ficariam a cargo da iniciativa privada.

De acordo com Mac Dowell, doutor em Engenharia de Transporte e ex-diretor do Metrô Rio, o veículo, que já foi adotado pela cidade de Porto Alegre (RS), resolveria os problemas do trânsito e ainda proporcionaria qualidade de vida para a população com as integrações com outros meios de transporte.

Mac Dowell acredita que a solução para o problema de moradores da Baixada como Kellen seria o investimento em transporte de massa, o que não tem sido priorizado pelas autoridades:

“Ônibus não é transporte de massa, graças à sua baixa capacidade de oferta de lugares e também por causa dos seus tempos de embarque e bilhetagem muito grandes”, explica o engenheiro, que defende o aeromóvel como opção para diminuir o tempo de deslocamento e fugir dos engarrafamentos.

A assessoria de imprensa da prefeitura de Nova Iguaçu foi procurada, no dia 14 de novembro, para comentar o status do projeto. Mas, apesar da insistência desta reportagem, até o fechamento da matéria não houve resposta.

Deixe uma resposta

Parceiros