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Um pedacinho do Nordeste no Caju

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Fotos: Lina SoaresHá dois anos, um bar se tornou ponto de encontro na favela Parque Boa Esperança no Caju, zona portuária do Rio de Janeiro. Não se trata de encontro de pagodeiros e funkeiros e sim de nordestinos que se encontram a fim de relembrar lugares que deixaram em busca de melhores possibilidades. A comida servida no bar do Zé Ceará, como é conhecido o bar e mercearia do Seu José Fernandes, é o combustível principal para atrair e aproximar os nordestinos da comunidade.

Mas como transmitir a cultura nordestina sem antes ter vivenciado? A história do Seu José, dono do bar e natural do Ceará pode muito bem representar a história de muitos nordestinos que lá residam. Ele não teve uma vida muito fácil. Quando pequeno teve que deixar a escola para ajudar os pais na renda de casa. Assim que teve oportunidade juntou dinheiro e trouxe sua futura esposa para a cidade maravilhosa com a intenção de ter uma vida melhor. Seu Zé já trabalhou como porteiro, faxineiro e foi na profissão de cozinheiro em um restaurante em Copacabana que o retirante se identificou. Aprendeu a cozinhar e usou o seu talento para abrir um comércio e servir a sua maior especialidade: comida nordestina.

O bar, que tem decoração simples, não lembra em nada um ambiente nordestino, entretanto, quem passa perto da Praça dos Boiadeiros sente o cheiro de comida de longe e sem falar do forró, que toca sem interrupção de terça-feira a domingo com direito a dança de casais e tudo. “O bar é bastante animado, porque há uma convivência entre amigos do nordeste. Conheci pessoas que moravam perto da minha casa lá no Ceará. Gosto do local porque aproxima as pessoas e a cultura”, conta o cliente José Arlan.

Além das histórias pessoais, há outro item que ajuda aproximar o grupo de nordestinos do Caju. O quesito culinária é um ponto importante entre os frequentadores do bar, porque segundo eles é difícil encontrar na comunidade um restaurante que sirva especialidade nordestina.  Com uma variedade de pratos, Seu Zé fatura – e muito – com a clientela nordestina, porém, é o mocotó de porco que é o mais requisitado não só pelos nordestinos, como também pelos cariocas, mineiros e paulistas que passam pelo bar. “ Eu, como uma carioca legítima, aprovo e aprecio muito o mocotó do seu Zé, toda sexta-feira passo aqui para comprar um copo pra mim”, diz  Jaqueline da Silva.

Enquanto muitos acham nojento comer a pata do porco, a iguaria pode ser uma delicia ainda mais no tempo frio, sem falar que este ingrediente envolve histórias que só podem ser contadas por quem já passou por necessidade, como o Seu José. “O caldo de mocotó e muitas outras comidas nordestinas tem muita importância pra mim. Isso porque na minha infância não tinha muito que comer, então, era necessário se adaptar e comer o que restava ou tinha que aproveitar o bastante o alimento que comprávamos”, relata o empreendedor.

O caldo é considerado por alguns uma fonte para obter força, já que envolve ingredientes bastante calóricos como orelha de porco, calabresa, feijão branco, rabo de porco e pimenta. Para outros, o caldo é uma simples forma de lembrar momentos de uma terra que está longe e que ao mesmo tempo pode estar perto.

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