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Profissionais de áreas de risco recebem dia de cuidados

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Equipe do Viva Rio se empenhou para fazer um dia com muitas atividades (e cuidado) para os profissionais da saúde (Fotos: Amaury Alves)

Profissionais de saúde, especialmente os que trabalham em áreas de risco, tem seu trabalho multiplicado pela vulnerabilidade da população destas localidades. O “Cuidando de quem Cuida” aconteceu no último final de semana, em Ramos, com o intuito de valorizar os profissionais de saúde que atuam em territórios marcados pela violência. A iniciativa é do Viva Rio e da Coordenação de Área Programática (CAP) 3.1, da Zona Norte. Na festividade, médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, gerentes, administrativos, receberam cuidados especiais, como massagens, cuidados com o cabelo, serviço de manicure, além de assistirem apresentações culturais especialmente preparadas para eles.

Lucia Cabral é uma das personagens que mais se destaca dentro do Complexo do Alemão. Além de dirigir a ONG Educap, ela ainda atua como articuladora intersetorial da Rede e é pau para toda obra dentro da comunidade. Oficialmente, sua formação em Serviço Social deveria servir para ajudar a construir caminhos para o desenvolvimento social, mas ela vai além disso.

“São 48 anos sentindo intensamente todos os momentos da história do Complexo”, diz Lúcia. “Ainda estamos aprendendo uns com os outros e a resistência é a nossa maior arma enquanto moradores de favela. Eu me sinto abraçada pela comunidade e quando consigo realizar algo para o próximo fico super feliz”, garante.

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Os profissionais puderam levar suas famílias para o evento

Lúcia é uma peça chave na hora de promover o diálogo entre a comunidade e instituições que querem atuar dentro do Complexo do Alemão. Mesmo com uma responsabilidade deste tamanho, ela acredita que o saldo é positivo. “A parte de construir diálogos que facilitem o acesso à saúde, que os usuários dos serviços do SUS (Sistema Único de Saúde) tanto necessitam, é um fator importante para trabalhar com pessoas de favela, no sentido amplo da palavra. Não basta ser da favela, tem que se sentir parte dela”, explica.

O Complexo do Alemão hoje conta com  seis equipamentos ligados à saúde: quatro Clínicas da Família, uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Os profissionais de todas estas unidades foram convidados a participar desta segunda edição do Cuidando de quem Cuida.

Mudanças na comunidade afetam também os serviços de saúde

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Jander Almeida fala que estabelecer uma relação de confiança é fundamental

Jander Almeida, gerente há quatro anos da Clínica da Família Rodrigo Roig, que fica próxima à entrada da Grota, fala da missão de conduzir um equipamento que chegou justamente na época em que a comunidade estava vivendo um período sensível. “Chegamos justamente nesta época de mudanças no Alemão e demorou um pouco para termos conhecimento do território, conhecer os moradores, atender à enorme demanda que chegava…Mas hoje somos uma extensão da família de alguns usuários, criamos uma relação de confiança”, afirma.

Mesmo pisando em terreno já conhecido, a violência não deixou de ser um problema para os profissionais da clínica. “Sempre temos a preocupação com os profissionais que vão a campo, nossos Agentes de Saúde que vão todos os dias realizar visitas em domicílio. Contamos com a Internet como aliada, para estarmos sempre em contato via celular. Os moradores também ajudam muito, com informações quando há uma situação de conflito, por exemplo”.

Os gerentes também têm muito contato com os usuários das Unidades de Saúde, mas os Agentes Comunitários, que estão constantemente visitando as casas, são quem têm os relatos mais impactantes.

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As agentes comunitárias de saúde reunidas: usuários se tornam parte da família

Julia de Melo, que atua há pouco mais de um ano no Alemão, contou que Terezinha Maria de Jesus, mãe do Eduardo de Jesus, assassinado por policiais da UPP em abril, fazia parte de uma das famílias que ela costumava visitar. Ela narra que um dos episódios mais difíceis de sua carreira foi encontrá-la logo depois do episódio. “O local ficou marcado por esta fatalidade. Eu estava de férias quando encontrei a Terezinha aos prantos em um protesto na entrada da Grota. Foi ali que percebi o quanto somos importantes na vida destas pessoas. Nós nos tornamos parte da família de um jeito ou de outro”.

De acordo com os organizadores, quase 300 profissionais participaram da festividade. Além dos cuidados e das atrações que foram especialmente preparadas para o grupo, o reconhecimento pelos serviços que eles prestam veio em forma de homenagem com um bolo e o som da bateria de escola de samba GRBC, que colocou todo mundo para sambar e renovar as energias. Cuidando de quem cuida tambem é isso: proporcionar alegria, beleza, direitos, reconhecimento, agradecimento e motivacao para continuar a batalha, obrigada a todos os profissionais que atuam nestas áreas.

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