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Faixa Preta de Jesus investe em jovens de Nova Iguaçu

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Projeto Faixa Preta de Jesus funciona há oito anos em Nova Iguaçu e atende 400 pessoas hoje (Fotos: Marilia Felipe)

“Lutar” é uma expressão utilizada pela maioria das pessoas que mora em territórios periféricos. Metaforicamente ou não, viver diariamente em uma rotina de violência e privações é uma luta. Munido deste espírito, Ricardo Cavalcante, de 47 anos, luta para manter seu projeto, o Faixa Preta de Jesus, de pé. Ricardo passou boa parte de sua juventude viciado em drogas, até que veio a catarse: ele viu uma família evangélica se divertindo e resolveu mudar de vida. Entrou para a igreja e pouco tempo depois elaborou o projeto que une religião e artes marciais.

Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Ricardo criou o Faixa Preta de Jesus há oito anos e desde então vem transformando a vida de moradores da região. Ele conta que já atendeu mais de 15 mil alunos durante este tempo e hoje tem 400 inscritos que praticam gratuitamente as modalidades de Jiu-Jitsu, Boxe e MMA.

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Will Smit tem onze anos e é um dos contemplados

Um deles é Will Smit, de 11 anos. Ele conta que antes de entrar para o Faixa Preta só ficava na rua, mas que agora já sonha em ser um atleta. “Hoje o boxe e o Jiu-jitsu são tudo na minha vida. Com o projeto eu até consegui uma bolsa para estudar inglês”, empolga-se Will, que não descarta também ser artista, já que encontrou Arnold Schwazenegger em um evento e conseguiu até lhe dar um abraço.

Apesar de seu viés religioso, a iniciativa abraça sem preconceito todos os que querem fazer parte dela. “Não importa sexo, cor, religião, idade, nada. O importante é abrir as portas para todos”, garante Ricardo.

Trabalho multidisciplinar

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Ricardo (de vermelho) toca o projeto e exige notas boas dos alunos

O time que compõe o projeto é composto por, além dos professores, também psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e outros voluntários que doam seu tempo e conhecimento para ajudar a iniciativa. O Faixa Preta também conta com outros apoios, como a igreja Apascentar, irmãos Minotauro e Minotouro, entre outros.

O objetivo principal não é formar apenas atletas, mas também oferecer aos jovens que vivem em situação de vulnerabilidade formação cidadã, além de equillíbrio emocional e espiritual. “É um projeto com muita disciplina, onde eles são cobrados de estarem na escola e tirarem boas notas. Também fazemos reuniões com os familiares, orientamos sobre higiene pessoal, sobre a imagem deles nas redes sociais, ou seja  o jovem tem que desejar fazer parte da família Faixa Preta de Jesus, tem que querer vencer as drogas e as marcas da violência”, explica Ricardo.

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Tiago Mamute conseguiu abandonar as drogas e hoje dá aula no projeto

Tiago Mamute, de 22 anos, é um dos exemplos. Ele conseguiu abandonar o vício em crack depois que começou a lutar. “Eu cheguei a pesar apenas 30 kg, meu pai foi me buscar na cracolândia e me trouxe para cá, hoje eu sou o orgulho da minha família”, conta ele, que hoje é faixa roxa de jiu jitsu e professor do projeto. “Graças ao Faixa Preta eu estou vivo”, comemora.

Segundo o Mapa da Violência, divulgado em 2015, Nova Iguaçu ocupa o posto de 63º município onde mais jovens são assassinados no Brasil. Foram 574 homicídios ocorridos entre 2010 e 2012. Mesmo assim, a cidade ainda não conta com políticas públicas específicas para a juventude mais vulnerável. É nesta lacuna que o Faixa Preta para Jesus entra, na tentativa de tirar os jovens de situações de risco. “Vale muito a pena ver nossos jovens participando de torneios nacionais e até internacionais, conhecendo grandes nomes do UFC, mudando sua história de vida e da sua família”, garante Ricardo, que explica ainda que muitos jovens que passam pelo projeto também acabam virando instrutores, como foi o caso de Mamute.

Apesar dos apoios que recebe, o projeto ainda vive de aluguel. O maior sonho do time é construir um centro de treinamento, em um terreno que já foi doado pela prefeitura da cidade. O local é emblemático: na Rua Gama, no bairro da Posse, local que ficou marcado pela chacina da Baixada em 2005.

Quem quiser conhecer de perto ou apoiar o trabalho desenvolvido por Ricardo e companhia, basta acessar o site www.faixapretadejesus.com.br ou entrar em contato no telefone 99559-7089.

 

 

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