Prêmio promove luta pela igualdade racial
Na noite da última segunda-feira, 11, aconteceu a terceira edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, cujo objetivo é premiar o jornalismo qualificado sobre temas relacionados à população negra e que incentivem a luta contra o racismo.
A cerimônia foi realizada no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro. A baiana Maíra Azevedo e sua equipe do jornal A Tarde, que circula no Estado da Bahia, foram contemplados na categoria Mídia Impressa. Sua matéria intitulada “Os homens que chamam os deuses pra terra” marcou as homenagens do mês da consciência negra em novembro de 2012. Para a jornalista, o prêmio veio como reconhecimento do trabalho que faz em defesa dos direitos dos negros no Brasil. “As religiões de matrizes africanas devem ser devidamente respeitadas como todas as outras. Passamos noites em claro finalizando essa matéria por acreditar em nossos ideais. Estamos muito felizes com esse prêmio.” Juracy dos Anjos, que também faz parte da equipe vencedora, destacou que a reportagem mostra o valor dos homens na religião: “O candomblé é uma religião liderada pelas mulheres. Em contrapartida, são os sacerdotes músicos, compostos somente por homens, que carregam a importância na ligação entre o mundo humano e o mundo divino.”
O jornalista Ed Wanderley, vencedor na categoria Internet com a matéria “Infâncias devolvidas”, contou a platéia como se sensibilizou, durante a apuração, ao se deparar com a triste realidade dos orfanatos de Pernambuco, onde crianças de origem negra são rejeitadas por famílias em busca de adoção. “Vi casos de crianças serem devolvidas duas vezes para o orfanato por serem negras. Fiquei estarrecido com tamanha falta de amor.”
A noite também foi marcada pela homenagem especial às jornalistas gaúchas Jeanice Ramos e Vera Daisy Barcellos, do núcleo de jornalistas afro-brasileiros do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul. Jeanice e Vera foram responsáveis por incentivar e organizar a produção de conteúdos que abordassem questões contra o racismo no sindicato da categoria, tornando-as referências no assunto. “Nesses meus 40 anos de jornalismo, o que mais desejo é lutar por um Brasil de plena igualdade racial” concluiu Vera.
O Prêmio leva o nome do ex-senador Abdias do Nascimento (1914-2011), um dos grandes ativistas do combate ao preconceito racial no Brasil. Jornalista, Abdias trabalhou no jornal impresso Diário Trabalhista, além de ter fundado o jornal Quilombo. A premiação, cujo valor total é de R$35 mil, é dividida entre os vencedores de sete categorias: Mídia Impressa, Televisão, Rádio, Mídia Alternativa ou Comunitária, Internet, Fotografia e a categoria especial de gênero Jornalista Antonieta de Barros.
Conheça os vencedores por categoria:
Mídia Impressa
Clediana Ramos, Meire Oliveira, Juracy dos Anjos, Camilla França, Maíra Azevedo e Ivana Dorall
Reportagem: “Os homens que chamam os deuses pra terra”
Jornal A Tarde – BA
Televisão
Wendell Rodrigues da Silva
Reportagem “Paraíba Afro”
TV Correio – PB
Rádio
Neise Marçal, Claudio da Matta e Fábio Luiz
Reportagem: “Quilombo São José, a luta sem fim pela terra”
Rádio Nacional do Rio de Janeiro (EBC)
Mídia Alternativa ou Comunitária
Débora Carmelita Junqueira
Reportagem: “Fora das Capas de Revistas”
Revista Elas por Elas – MG
Internet
Ed Wanderley
Reportagem: “Infâncias devolvidas”
Diário de Pernambuco – PE
Mensão honrosa: Lena Azevedo
Reportagem: “Jovens negros na mira de grupos de extermínio na Bahia”
Pública – Agência Pública de Jornalismo
Fotografia
Carlos Moura
Reportagem: “O Vingador?”
Categoria Especial de Gênero Jornalista Antonieta de Barros
Vanessa Bugre
Reportagem: “Pele escura, morte invisível: a violência contra a juventude negra”
Rádio UFMG Educativa