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Idosos se iniciam sozinhos na internet

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As barreiras para a inclusão digital não são somente financeiras, geográficas ou sócio-culturais: elas também são geracionais. Enquanto os nativos digitais manipulam intuitivamente tablets, smartphones e computadores, a chamada terceira idade demonstra muita força de vontade, e um grande senso de adaptação, na hora do mergulho nas novas tecnologias da informação.

O envelhecimento da população brasileira vem desenhando um novo perfil demográfico no país. Os idosos (15 milhões de pessoas segundo o Censo de 2010) são cada vez mais numerosos, vivem mais tempo, e melhor. E, como não poderia deixar de ser, participam ativamente da vida sócio-econômica do país. No que diz respeito à inclusão digital, a faixa de usuários da internet acima de 60 anos ainda permanece pequena. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita em setembro de 2012, os internautas com mais de 60 anos representam apenas 8% dos 83 milhões de usuários da internet no Brasil. A maior faixa é a dos 16 aos 24 anos (74%), embora a pesquisa não compreenda crianças menores de 10 anos que, muitas vezes, já são iniciadas no uso das ferramentas de comunicação digitais. Embora existam de mais em mais cursos voltados para a terceira idade, o primeiro passo é muitas vezes provocado pela curiosidade de participar da grande revolução da chamada era de comunicação e da informação.
Fotos: Rodrigues MouraManuel Ramos, morador de Inhaúma, tem 73 anos e é a prova viva de que nunca é tarde para se adaptar a computadores e às novas tecnologias. Ele comprou seu primeiro computador de um amigo, em 1996, com quase 60 anos. Hoje em dia, Manuel administra uma loja de fotos no Jacarezinho, onde tira fotos, edita imagens no Photoshop, além de usar diariamente escâner, e-mails, Facebook, ferramentas de pesquisa, etc. Que seja por motivos profissionais ou para falar com amigos, Manuel não passa um dia sem mexer no computador.
Além de se atualizar sempre em tudo que diz respeito a aplicativos e novidades digitais, Manuel também tem que acompanhar as mudanças das maquinas fotográficas. No início, a fotografia era apenas hobby. “Eu mesmo revelava minhas fotos em preto e branco em um laboratório que montei no banheiro. A câmera ainda era analógica”, conta. O fotógrafo é um autodidata tanto na fotografia quanto na área de informática, aprendendo na base de muita força de vontade e pesquisa. “Sempre tive muita curiosidade e vontade de aprender. Comprava e ainda compro livros, revistas, peço ajuda aos amigos que sabem mexer, tiro dúvidas…”, declara orgulhoso.
Dulcinéia da Silva é outro exemplo de que não há barreiras quando há força de vontade. A moradora do Itararé, no Complexo do Alemão, está com 76 anos e começou um curso de informática para a 3ª idade há dois meses, na Oca dos Curumins. Ela diz que, mesmo com pouco tempo livre, resolveu entrar no curso com o incentivo da filha, que lhe prometeu um computador em breve.
Em sua turma, há cerca de 10 alunos. Dulcinéia faz anotações todas as aulas. “Estou gostando muito do curso. Tenho vontade de aprender a mexer para me comunicar com parentes que moram em São Paulo e em Minas” conta, animada, a aprendiz, que ainda não entra no e-mail sozinha. Ela confessa que ainda fica nervosa quando aparecem coisas na tela que ela não quer: “ainda não sei o que fazer direito. Já estou com alguma prática, mas acho que preciso de um pouco mais para me sentir segura”.
Maria Elizabeth Lourival ainda não chegou na terceira idade. A moradora do Complexo do Alemão tem 56 anos e se deixar, passa o dia inteiro conectada. Beth, como costuma ser chamada, explica que não se estressa nem com filas e trânsito, pois seu celular tem internet e ela não perde tempo. “Quando estou sozinha em casa me esqueço até de fazer comida, o Facebook é uma doença”, brinca.
Beth contou que a vontade de se iniciar nas novas tecnologias da informação veio observando os filhos: de tanto vê-los passar horas a fio na frente do computador, teve muita curiosidade em saber o que ali acontecia de tão interessante. Seus filhos nunca tiveram muita paciência para ensinar, mas sempre que deixavam a máquina ligada, ela sentava e começava a fuçar em tudo. “Sempre tive muita vontade de aprender, sempre perguntei muito e fui me aventurando. Muita gente mais velha não se interessa, mas os que ousam se arriscar gostam, acham útil e falam com muita gente”, analisou.
Seu Manuel acredita que o tablet é prático, mas que o computador basta: “também não preciso estar conectado o tempo todo”. Já Beth, comprou seu tablet há 4 meses e mesmo com a praticidade, se frustrou um pouco: “é muito menor, mais leve, dá para levar para a cama, para qualquer lugar, mas me decepcionei quando levei para uma viagem e quando fui tirar fotos, saíram todas escuras porque não tem flash” lamentou a internauta assídua, que agora torce para chegar uma internet mais veloz onde mora.

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