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“Gonzagueando” une jovens no Alemão

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Fotos: Divulgação

Foi a partir do curso de fotografia e vídeo da Praça do Conhecimento, no Complexo do Alemão, que jovens moradores da favela se conheceram e resolveram formar o grupo artístico cultural Gonzagueando. Para eles, gonzaguear rima com liberdade, força de vontade, capacidade, criatividade, fazer a diferença, espalhar ideias e, assim, ganhar o mundo mostrando os talentos das comunidades. Graças a pessoas que estão apostando no trabalho desses jovens,  o grupo já está saindo do Alemão para exibir seu trabalho em faculdades no Rio e até em Recife.

Na primeira turma da Praça do Conhecimento, Caolin Melo, 32 anos, produziu “Santos Futebol Club”, um curta sobre a história do time de futebol mais antigo do Alemão. Foi seu trabalho de conclusão do curso. Hoje o filme está inscrito no festival Visões Periféricas. Na turma seguinte, Daiene Beatriz, 21, conheceu Karen Melo, 26, e produziram o “Auto estima”. Demerson Couto, 24, e Tiago Pereira, 23,  reuniram-se na terceira turma e fizeram “Fora de Cena”, filme que conta a história de duas comunidades do Alemão esquecidas pelas obras do PAC. A partir da ligação familiar, da amizade e da vontade de continuar produzindo, os jovens criaram o Gonzagueando, que também conta com a designer gráfica Ana Moura, de 23 anos, e seguiram em frente.

Em outubro passado, o Cine Carioca Nova Brasília, o cinema do Complexo do Alemão “casa que tem a maior ocupação da América Latina”, segundo Karen, exibiu “Gonzaga – de pai pra filho”. Depois da sessão, houve debate com a produção e, segundo a idealizadora do filme, Maria Hernandez, “foi a platéia mais impactante”. Os jovens do Gonzagueando ficaram encantados com a história do rei do baião e a procuraram com ela. Dessa conversa com Maria começou o resgate da memória nordestina no Alemão, já que a maioria dos moradores do conjunto de favelas tem pelo menos um pé nessa região do Brasil.

“Cordel do Alemão”, primeira obra do Gonzagueando, ficou pronto em duas semanas, com muito improviso e a ajuda de Clementino Junior, professor da Praça do Conhecimento, que abriu mão das férias para mergulhar na empreitada. No melhor estilo “ideia na cabeça e câmera na mão” o grupo enveredou pelas favelas do conjunto e, “com um jeito Gonzaga de ser”, como define Maria Hernandez, só parou com o filme pronto.

Todos no grupo participam de todas as etapas de produção: do roteiro, “que nunca sai como o previsto”, da filmagem, da edição e da produção dos eventos de exibição. Nada disso teve apoio financeiro, “pelo contrário, a gente bota dinheiro do próprio bolso. A união e a força de vontade nos mantêm em pé”. Para bancar as despesas pessoais, cada um tem seu próprio trabalho: Demerson é segurança, Daiene é estuda publicidade, Karen é estudante de jornalismo, Caolin é produtor e Tiago trabalha no Cine Carioca Nova Brasília. Acumulam essas atividades com casa, filhos (a única que não os tem é Daiene) e as tarefas, em torno das quais comunicam-se todos os dias e se reúnem uma vez por semana.

O grupo usa os filmes em palestras sobre a favela, seu desenvolvimento e o perfil dos moradores. “Queremos mostrar a realidade que a gente vive. A novela “Salve Jorge” vendeu a ideia de que o jovem só quer saber de funk e a gente mostra que não é isso. A favela não é só teleférico, turismo e tráfico. O Complexo é muito grande, tem de tudo. E tem pessoas de bem, como a gente, também”, afirmou Karen no 1ª Gonzagueando realizado fora do Alemão, nesta quinta, 8, na UNIRIO. Na sequência de “Cordel do Alemão”, o próximo filme, que já teve seu primeiro dia de gravação, será “Cordel da Rocinha”. O documentário contará a história de nordestinos que vieram tentar a vida no Rio e hoje moram na favela.

SERVIÇO

Será lançado em setembro, dia 22, às 13h, na biblioteca C4, Parque da Rocinha (Estrada da Gávea, 454). Além da exibição em Recife, eles já foram convidados para irem à FACHA.

 

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