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Democracia é o segredo do Buraco do Getúlio

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Fotos: DivulgaçãoImagine um espaço democrático e onde qualquer pessoa que queira mostrar sua arte é bem-vinda. Esse é o Cineclube Buraco do Getúlio, que acaba de completar sete anos com uma festa no Bar Anania’s, em Nova Iguaçu, sua primeira casa. Idealizado por amigos que produziam filmes e desejavam um espaço para exibi-los, o cineclube representa hoje um ponto de encontro da cultura na região. A cada segundo sábado do mês, cerca de 50 a 100 pessoas comparecem ao bar para apreciar cinema, música, poesia, teatro, circo, entre outros.

A programação é móvel. Na comemoração de seu aniversário, por exemplo, o Buraco teve a exibição de dois curtas e apresentação de duas bandas, mas isto não é regra. O Cineclube Buraco do Getúlio também exibe filmes em Austin, bairro de Nova Iguaçu. Desde a primeira formação, a equipe teve muitos integrantes e hoje conta com cinco pessoas: Diego Bion (coordenador e curador), Luana Pinheiro (produtora), Hanny Saraiva (conteúdo online e curadoria), Lucas Lima (conteúdo online) e Elaine (designer gráfico).

Luana, uma das coordenadoras e fundadoras do Cineclube de Nova Iguaçu, explica que eles tiveram como referências os cineclubes Mate com Angu, em Caxias, e Beco do Rato, que não existe mais. Luana e seus amigos já frequentavam o Anania’s e, para atender ao desejo de criar oportunidades para os artistas da região, decidiram fazer um evento ali mesmo, onde se sentiam em casa. Os encontros aconteciam nas segundas-feiras. No terceiro ano de existência do cineclube, ele passou a funcionar na Casa de Cultura de Nova Iguaçu. Em 2012, o cineclube voltou a funcionar na sua primeira casa, o bar Anania’s. “O bar da uma estrutura melhor do que a casa”, conta a produtora.

Márcio Pasile, dono do bar, acredita que o espaço contribui para divulgar a cultura em Nova Iguaçu. “Tem gente que já vem direcionado ao cineclube”, diz. De acordo com as amigas Giovana Vicentini, Poema Eurísteles e Fabíola Loureiro, o evento é tão acolhedor que mesmo aqueles que não o conheçam acabam se sentindo em casa. “O cineclube é um espaço que abraça e que busca ir além do entretenimento que oferece. Um lugar onde se conhece gente diferente”, opina Giovana. As amigas frequentam o lugar há algum tempo. Fabíola tem preferência pela “casa” do cineclube. “Eu me identifico com o Anania’s, gosto que seja esse espaço”, diz a frequentadora.

O projeto é independente e recebe apenas ajuda para o aluguel do equipamento. O nome Buraco do Getúlio é uma referência à passagem subterrânea que liga os dois lados de Nova Iguaçu, divididos pela ferrovia, que tem por nome “Getúlio de Moura”. Getúlio foi presidente da concessionária na época da construção. O bar do Anania’s fica de frente para essa entrada.

Rodrigo Caetano, da banda Andrade e a Torre, estava presente na comemoração dos sete anos do Buraco. Ele, que faz parte da nova formação da banda, se apresentou pela primeira vez no cineclube. A banda existe desde 2009, mas a nova formação foi consolidada em janeiro. Apenas Andrade, que é o vocalista e carrega o nome da banda, continua. Rodrigo acha fantástico o espaço cedido aos novos artistas. “O Buraco faz a intermediação. É um espaço pra galera daqui se apresentar”, conta.

Paulinho é integrante da Banda Sofia Pop, que se apresentou na estreia do cineclube, em 2006. Para ele, esse é o evento mais legal da cidade e por isso merece um espaço maior e com uma estrutura melhor. “Eles assumiram o papel de cineclube, que é exibir o que não passa no circuito. A mesma coisa acontece com as bandas. Ele é feito pra essa galera que produz na cara e na coragem”, diz Paulinho, para quem o evento é um espaço para as pessoas que não tem mais opções culturais em Nova Iguaçu.

Diego Bion, coordenador e fundador do cineclube, diz ter muito orgulho do que construiu. Poder acompanhar a evolução de cada banda e se reconhecer nas letras são, para ele, algumas das sensações boas de fazer parte de um projeto como este. Ele enfatiza, no entanto, que o projeto foi uma produção coletiva.  Inicialmente, eram Diego, Luana e Fabiano – que não faz mais parte da equipe do Buraco. “Quando a gente criou, a gente queria compartilhar conhecimento. A gente sabia que só o filme não era suficiente e que as outras linguagens afetam a vida dos outros”, conta Bion, para quem há ainda muitos talentos a serem descobertos na região.
 

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