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Obesidade infantil é um drama na Rocinha

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A obesidade infantil, uma das grandes preocupações dos responsáveis pela saúde pública, é uma das faces mais visíveis na baixa renda das favelas cariocas. Na Rocinha, por exemplo, há hoje em atendimento nas três clínicas da família 75 crianças que precisam de acompanhamento médico para perder peso. Este número, segundo agentes de saúde, não traduz a realidade da favela, já que são poucas as famílias que procuram o tratamento.

O Ministério da Saúde, que lançou em março uma campanha de conscientização do problema, estima que uma a cada três crianças brasileiras está acima do peso. Nas duas últimas décadas, segundo o ministério, a obesidade na faixa de 5 a 9 anos saltou de 4,1% para 16,6% entre os meninos e de 2,4% para 11,8% entre as meninas. Entre os adolescentes, nas últimas quatro décadas, o número pulou de 3,7% para 21,7%.

A médica Cláudia Castello, da Clínica da Família Rinaldo De Lamare, na Rocinha, diz que é ainda mais comum na favela crianças com sobrepeso. As razões, segundo ela, seriam os padrões estéticos dos pais, muitos nordestinos, que acreditam que filhos gordos são mais saudáveis. Ela conta ser comum, durante as consultas, os pais reclamarem da magreza dos filhos. Por isso, os superalimentam, achando que estão agindo corretamente.

Oito anos e 84,6 quilos

Maria é uma das meninas da Rocinha que enfrentam problemas com a balança. Tem apenas 8 anos, 1m48cm de altura e pesa 84,6 quilos. Há um ano, a menina foi encaminhada para uma nutricionista, quando foram detectadas altas taxas de glicose e colesterol. Mas a mãe, Francisca de Melo, não a levou às consultas. “Tenho medo de procurar um profissional de saúde, porque posso ser acusada de irresponsável. Sempre segui o que o médico mandou, mas nunca fui até o fim”, confessa.

Francisca diz que, em casa, as refeições são feitas a qualquer hora e na quantidade que a fome determinar. As crianças comem basicamente arroz, feijão, macarrão, legumes, sanduíches e batatas fritas e bebem bastante refrigerantes. O resultado é que Maria não é a única da família a ter problemas com a balança. O irmão, Lucas, de 13 anos, tem 1m69cm de altura e 91,1 Kg. Seus pais também estão acima do peso e já apresentam problemas de saúde, como hipertensão e diabetes.

Cláudia Castello, que atende à família, alerta para a necessidade de se controlar o peso dos irmãos para que eles possam ter uma vida saudável na idade adulta. Ela ressalta que crianças obesas tendem a se tornar adultos obesos, com maior probabilidade de adquirir doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes e ósseas. A médica lembra também da possibilidade de danos psicológicos, como consequência do bullying. Maria já sofre com isso: “Meus colegas me chamam de gorda e eu me sinto muito mal. Meu sonho é perder peso e ficar magra. Não pratico natação porque eu tenho vergonha.”

O problema não é de simples solução. A doutora Cláudia destaca fatores sociais para o aumento do número de obesos, como o excessivo tempo que as crianças ficam em frente à TV e ao computador e o aumento do consumo de comidas e bebidas industrializadas, com altos teores de açúcar e sal. Para fugir desta equação que soma sedentarismo a uma alimentação supercalórica, a médica diz que a única saída é os pais ficarem atentos à alimentação dos filhos.

O excessivo consumo de alimentos e bebidas industrializados e o sedentarismo são tratados também pelo documentário “Muito Além do Peso”, de Estela Renner, que serve como um importante alerta sobre os malefícios de uma dieta supercalórica.

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