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Grafiteiro utiliza fogo para criar sua arte

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Jefferson criou a técnica depois de sonhar que estava colocando fogo em uma tela (Fotos: Arquivo Pessoal)

Piroarte é uma técnica inventada pelo artista plástico canadense Steven Spazuk, que mescla fogo e tinta na hora da criação da obra de arte. O jovem Jefferson Cordeiro, morador do Complexo do Alemão reinventou a técnica e criou um novo processo tendo o graffite como objeto final.

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Uma das obras que Jefferson fez junto com seu coletivo

Integrante do Coletivo Noix Q Faz Cpx, o jovem de 27 anos, vem há um tempo estudando e desenvolvendo suas próprias técnicas buscando se diferenciar no seu trabalho – e usar o fogo como elemento de composição tem sido uma das mais bem sucedidas. A inspiração, por incrível que pareça, surgiu em um sonho que Jefferson teve. “Sonhei que estava criando isso e quando acordei corri para tacar fogo na tela (risos). Desenho desde sempre e gosto de brincar com formas, sempre vejo algo a partir de formas e crio do nada”, explica.

A obra nasce da combustão de jornais em cima da tela. Ele usa um pano para apagar e retirar as cinzas e, em cima da figura que o jornal queimado forma, ele cria um desenho utilizando spray de graffite.

 

Jefferson faz questão de apontar a diferença entre seu trabalho e o do artista canadense. “Ele manipula o que quer desenhar, dá formas. Eu crio em cima do que o elemento fogo me dá. Eu visualizo a reação que o fogo me passa. Aí minha imaginação entra em sintonia e eu desenho em cima do que a imagem formada me pede”, filosofa.

Materiais de baixo custo 

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Os desenhos surgem a partir do resultado da combustão do jornal em cima da tela

Jefferson sempre gostou de desenhar. Ele conta que na época da escola já rabiscava as mesas da sala de aula, mas foi no grafitti que ele pôde dar maior vazão ao seu talento. Como os recursos sempre foram escassos, ele até hoje procura utilizar materiais reciclados e reaproveitados para criar suas obras. “Eu utilizo o material que consigo obter e me permito usar sempre os recursos possíveis ao meu alcance. Não tenho dinheiro para ficar comprando material, e um artista nunca fica limitado a essas coisas, pois a gente sempre consegue inovar, basta somente ter a vontade de criar, e tudo a nossa volta se torna uma extensão da nossa arte”, garante.

Como todo artista, um de seus grandes sonhos é que sua obra fique conhecida mundo afora, o que já começa a acontecer através do trabalho que desenvolve junto com o Coletivo Noix Q Faz. Ele acredita ainda que as cores que ele tem espalhado pelo Complexo do Alemão podem ajudar os moradores a enxergar um futuro melhor mesmo dentro do contexto violento que eles têm vivido. “Em meio a agressão do fogo podemos encontrara suavidade, as cores, a beleza que tem ali mesmo, onde não aparenta ter nada de bom, onde muitos só enxergam destruição pelo fogo, posso enxergar vida, e expressa-las e repassar adiante no meio onde vivo”, diz ele, fazendo uma analogia ao fogo que utiliza para criar sua arte.

Para encontrar as obras do artista basta acessar seu Facebook.

 

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