Festival gastronômico movimenta a Maré

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As vencedoras do concurso posam com Rafael Mike, do Dream Team do Passinho (Foto: Divulgação)

Foram 30 dias de orgia gastronômica em trailers, bares e pensões que se estendiam da Vila do João até o Parque União. O Festival Comida de Favela, organizado pela ONG Redes da Maré, começou dia 17 de setembro e proporcionou aos moradores da Maré e de outras localidades conhecer a culinária local e também a possibilidade da livre circulação dentro das favelas participantes do evento. A votação para eleger os melhores estabelecimentos foi até a última sexta-feira, dia 16 e no dia 17, para comemorar o sucesso da primeira edição do evento, a praça do Parque União virou palco para os shows de Dudu Nobre e Dream Team do Passinho.

O Festival é um dos resultados do Maré de Sabores, projeto de empoderamento feminino a partir da gastronomia, e do Censo de Empreendedores da Maré, ambos realizados pela Ong Redes da Maré. “Dos mais de 3 mil empreendimentos mapeados, mais de mil são de alimentação.

O projeto inicial do Comida de Favela queria elencar estabelecimentos que pudessem representar a identidade da Maré e que fossem vinculados ao projeto Maré de Sabores”, recorda Mariana Aleixo, coordenadora de Gastronomia da Ong.

Carne de sol com Aipim do restaurante Rei das Cabritas foi um dos pratos vencedores (Fotos: Paulo Barros)

Dos 1118 estabelecimentos, cerca de 100 demonstraram interesse em participar e se inscreveram no edital criado pela ONG. Dentre os critérios de escolha, contemplar a diversidade cultural e a territorialidade das 16 favelas foram dois fatores bastante importantes. “A gente tentou contemplar todas as 16 comunidades, para que os moradores e visitantes pudessem circular por todo conjunto de favelas da Maré. Mas vamos mostrar que é possível ter acesso a outras culturas através de um prato”, observou Shirley Villela, uma das coordenadoras da ONG.
O que chamou mais atenção no festival foi a diversidade alimentar na Maré. Os pratos iam desde a popular empadinha, passando pela rabada e galinha o molho pardo, até comidas mais sofisticadas, como salmão com leite de côco e croquete de cordeiro uruguaio.

Pensando no festival como um evento que pudesse atender um público além dos moradores da Maré, a organização buscou uma parceria com a Rio Ônibus. Os ônibus gratuitos circularam durante os finais de semana com saídas regulares de Botafogo e Madureira que levavam os visitantes até a entrada da Maré. No transporte e nas entradas das passarelas 6, 8 e 10 haviam monitores que acompanhavam os visitantes pelos bares. “Com essa parceria a gente pensa em diminuir a questão da cidade cerzida, pois é muito importante promover a circulação das pessoas. Até mesmo na Maré é importante promover essa circulação”, comentou Mariana. As favelas foram agrupadas pela proximidade com as passarelas. “Selecionamos estabelecimentos de seis áreas: Vila do João e Vila do Pinheiro na passarela 6, Baixa do Sapateiro e Morro do Timbau na passarela 8 e Parque União e Nova Holanda na 10”, explica.

Escolha prazerosa e difícil

Para eleger os melhores pratos a comissão organizadora dividiu os estabelecimentos em duas categorias: comida de rua e bar e restaurantes. Os votos foram divididos entre votos do público em geral e de pessoas credenciadas, como jornalistas, chefes de cozinha e pessoas conceituadas no ramo da gastronomia. A avaliação destes últimos também é diferente da avaliação popular e tem um peso diferente. O julgamento popular girava em torno de informações mais gerais, que iam desde a qualidade do prato em si a organização do espaço e atendimento.

Além das apresentações, os estabelecimentos ficaram sabendo quais foram eleitos os melhores de cada categoria. Com mais de quatro mil visitantes, os estabelecimentos escolhidos foram:
Categoria Bar, Restaurante, Pensão
1º Sonia’s Gourmet (Salmão maranhense)
2º Bar e pensão da Marilda (Rabada)
3º Bar da Buchada (Galinha ao molho pardo)

Categoria Comida de Rua
1º Frango assado da Vila (Frango assado)
2º Empadinhas da Leandra (Empada de frango)
3º Rei das Cabritas (Carne de sol com aipim)