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Jovens superam preconceito através do teatro

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Foto: Divulgação
“Eu sou a mosca que pousou na sua sopa” e “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”. Foi cantarolando essas letras que o grupo de teatro Os Confrades começou nessa terça-feira, 3 de setembro, a temporada da peça “Humor Negro” na quadra do Coroado, na Cidade de Deus. Mesmo com o tempo chuvoso, o público da CDD e dos arredores não desistiu. Houve até queda de luz, mas a noite não deixou nada a desejar e todo mundo saiu satisfeito, rindo do começo ao fim.

“Morri de rir, acho o humor como crítica política bem interessante, poucos humoristas proporcionam a sensação de dar uma gargalhada num instante e no seguinte ter um nó na garganta. Muito bom o espetáculo”, avaliou o músico e administrador, Leonardo Souza, 26 anos.

E por que será que o público se identifica tanto? Cada história encenada no palco é nada menos que extraída do próprio cotidiano da favela, histórias muitas vezes contadas por amigos e parodiadas pelos Confrades. Mas não é só da favela que o grupo tira sua inspiração. Antenados nos últimos acontecimentos no Rio de Janeiro, eles incluíram os nomes do Amarildo, do Marco Feliciano e do governador do Rio nos atos que compõem a peça “Humor Negro” – buscando retratar, através da comédia, tanto os excessos que acontecem dentro de favelas com os  jovens negros, como as violações de direitos no restante da cidade.

“Acho muito importante poder se expressar dessa maneira, afinal o teatro também é uma forma de protesto. E a peça ‘Humor Negro’ mostrou de forma bem real o nosso cotidiano”, pontuou Rene Silva, 19 anos, coordenador do jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão.

Foto: DivulgaçãoJá amigos no ensino fundamental, e hoje colegas de trabalho, o grupo de teatro Os Confrades surgiu primeiramente de uma relação de afeto entre Patrick Sonata, 24, Marcelo Magano, 25, e Ricardo Fernandes, 24. Na época da escola, entre 2003 e 2004, o teatro fazia parte da grade escolar. Foi só em 2007, num projeto no Retiro dos Artistas, que o grupo surgiu com esse nome.

Os três integrantes do grupo são jovens moradores da Cidade de Deus, negros, e têm em comum o sonho de popularizar o acesso ao teatro. Patrick Sonata comenta alguns dos obstáculos que surgiram na sua trajetória. “O fato de sermos negros dificulta na hora de entrarmos nos circuitos comuns tipo Centro e Zona Sul, mas nosso objetivo é fazer teatro pra quem quer comprar e não pelo assistencialismo. Então nossa maior motivação é fazer teatro para os nossos”, afirma.

Como muitos jovens de periferia, os três têm que trabalhar para garantir a renda, e com isso não sobra tempo para se dedicarem exclusivamente ao teatro. Mas o sonho de viver somente do teatro persiste. Um dos objetivos do grupo é expandir as apresentações para crianças e jovens de escola pública, se apresentar em outros espaços na cidade e conseguir patrocínio.

 

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