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Grafiteira denuncia violência com arte na rua

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Panmela Castro é referência na arte de rua no Brasil. (Foto: Tadeu Scaf)

Panmela Castro é referência na arte de rua no Brasil. (Foto: Tadeu Scaf)

Na hora da entrevista, Panmela Castro estava às voltas com os preparativos de uma viagem que faria no dia seguinte para Nova York. onde teria mais uma agenda internacional a cumprir, desta vez na Universidade de Columbia. Entre os compromissos estavam: a projeção de um documentário sobre seu trabalho, um debate e, por fim, a missão de grafitar um painel de 15 metros de comprimento dentro do Barnard College, escola de artes exclusiva para estudantes do sexo feminino.

Nada disso é novidade para esta grafiteira de 34 anos, conhecida no mundo do graffiti como Anarkia Boladona. Nos Estados Unidos, país onde o graffiti foi criado, ela recebeu o Vital Voices Global Leadership Awards, na categoria de direitos humanos, em 2010. Foi homenageada, em 2012, pela Diller Von Furstenberg Family Foundation, com o DVF Awards da estilista Diane von Fürstenberg; e figurou na lista da revista Newsweek como uma das 150 mulheres “que estão bombando no mundo”, ao lado da presidente Dilma Rousseff.

“Pichadora” desde a adolescência, Panmela diz que a formação acadêmica foi um divisor de águas, mas sabe valorizar a arte que desenvolveu nas ruas do subúrbio da Penha, onde nasceu. No Brasil, arrematou, em 2010, o Prêmio Hutúz, o mais importante do hip hop brasileiro.

Panmela tornou-se uma ativista atuante da causa feminista por razões pessoais e não esconde isso. Casou-se recém saída da adolescência, parou de estudar, foi vítima, de forma intensa, da violência doméstica, mas recebeu o apoio da família para enfrentar o problema. Com a separação, dedicou-se ao grafitti e a ajudar outras mulheres a conhecerem seus direitos e a combater a violência doméstica, fazendo valer o que determina a Lei 11.340/2006, a Lei Maria da Penha. Segundo Panmela, a lei já é conhecida por 99% da população brasileira, diferentemente de quando ela começou a grafitar. Os vários painéis com a assinatura Anarkia Boladona, hoje espalhados pelas ruas de várias cidades no Brasil, têm em comum o número 180, do disque-denúncia.

O painel de 336m fica em frente à Delegacia de Mulheres, no Centro. (Foto: Reprodução/Facebook)

O painel de 336m fica em frente à Delegacia de Mulheres, no Centro. (Foto: Reprodução/Facebook)

Em 2010, ela e suas amigas fundaram, no Rio de Janeiro, a Rede Nami, e já realizaram oficinas com mais de 4 mil pessoas e grafitaram 5 mil metros quadrados de muros para promoção dos direitos das mulheres. O site da Rede diz: “Nos propomos à busca pela superação das desigualdades de gênero que levam, apenas no Brasil, a uma morte de mulher vítima de violência doméstica a cada hora e meia”.

Para quem estiver no Rio de Janeiro e quiser conferir o gigantismo da arte engajada desta mulher, o painel de 336 metros de comprimento que fica em frente à Delegacia de Atendimento à Mulher, na Rua do Lavradio, na Lapa, é dela. Confere lá.

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