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Passarela provoca insegurança e medo

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Uma passagem estreita, com barras de ferro oxidadas e piso de madeira que revela largas fendas entre as tábuas. É isso que moradores do conjunto de favelas da Maré, na Zona Norte do Rio, enfrentam para atravessar a Avenida Brasil, uma via expressa das mais movimentadas da cidade, que liga o Centro à Zona Norte e Oeste.

Fotos: Andressa CabralLocalizadas entre a Avenida Brasil e a Linha Vermelha, outra via expressa de grande movimento na cidade, as 16 favelas que compõem a Maré têm aproximadamente 40 mil domicílios e cerca de 130 mil moradores. É na Av. Brasil que eles têm acesso às principais linhas de ônibus. Além deles, os trabalhadores da Fiocruz, do Hospital Geral de Bonsucesso e do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), cruzam todos os dias um trecho de 4,2 quilômetros de rodovia por oito passarelas.

Os transtornos começaram em 2011, quando o ponto de ônibus principal, que ficava ao lado da passarela 6, na altura da Vila do João, foi transferido para um local a 500 metros de distância, próximo ao portão de entrada da Fiocruz, sem nenhum aviso prévio ou sinalização. A mudança foi feita para evitar congestionamentos, segundo informou a LAMSA, concessionária responsável pela Linha Amarela, que era afetada pela retenção de veículos. Para facilitar o embarque e desembarque, foi construída uma agulha para entrada dos ônibus na pista lateral da Av. Brasil.

O acesso das pessoas ao novo ponto passou a ser feito por uma passarela provisória feita em ferro e madeira. Apelidada pelos moradores de “curral” por conta de sua largura e estrutura, a passarela, que era para ser uma solução paliativa, tornou-se permanente.

Opiniões divergentes e apreensão
O presidente da Associação de Moradores do Conjunto Esperança, Pedro Francisco dos Santos, diz que, no início, os moradores viram a novidade de forma positiva, já que não seria mais preciso ir até a passarela 6 para atravessar ao outro lado da rua.

“Pra mim é muito útil. Só vou até a passarela antiga quando preciso subir de bicicleta”, disse José Coutinho, vendedor ambulante e morador do Conjunto.

Quem mora na Vila do João, no entanto, não ficou satisfeito, pois além de o novo ponto ser distante, para andar até lá é preciso atravessar um trajeto deserto, onde os assaltos são freqüentes. Na pista sentido Centro, onde não há nenhuma via de fuga para o pedestre, o problema fica ainda mais grave.
A Secretaria Municipal de Obras (SMO) informou que “a passarela na Av. Brasil, próxima à de número 6, em frente à Vila do João, é provisória e vem sendo fiscalizada periodicamente pela Secretaria”.

Os moradores rebatem dizendo que algumas barras de ferro já estão oxidadas e o espaço entre as tábuas é tão grande em alguns trechos que é possível ver os carros passando na avenida. “Muitas vezes preferi ir até a passarela 6 para atravessar a ter que passar nessa (passarela) daqui. A estrutura me deixa com um pouco de medo. Algumas pessoas já passaram mal ao chegar lá em cima”, disse Patrícia Moura, moradora do Conjunto Esperança.

Segundo a secretaria municipal, a passarela provisória será substituída somente em 2016, durante as obras da Transbrasil, que vai ligar a Baixada Fluminense ao Centro do Rio. Ao longo de 32 quilômetros de extensão do corredor expresso serão construídas 15 passarelas. Até lá, os moradores terão que transitar pela passarela provisória ou caminhar até a de número 6 para atravessar a avenida.

Investimento de R$ 2,8 milhões
No Parque União, sobre a Avenida dos Campeões, há outra pequena passarela em estado de conservação ruim. Esta também passará por recuperação e será reconstruída e interligada com a passarela 10, segundo informou a SMO.

A recuperação faz parte de um programa de melhoria das passarelas de toda a Av. Brasil. Em nota, a Coordenadoria Geral de Projetos (CGP), braço da SMO responsável por obras de construção, manutenção e recuperação estrutural, esclarece: “Nos últimos dois anos, além da atuação rotineira de monitoramento das passarelas da cidade, por meio de vistorias técnicas e ações pontuais de manutenção do órgão, a CGP finalizou obras de recuperação estrutural, com orçamento estimado em R$ 2,8 milhões, de mais 14 destes equipamentos”.

O órgão informou, ainda, que entre 2010 e 2014, 52 das 63 passarelas da Av. Brasil passaram por reparo ou reconstrução, incluindo as de números 6, 7, 8, 9, 10 e 11, todas localizadas na região da Maré.

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