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Cresce violência em bairros de Nova Iguaçu

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A violência em alguns bairros de Nova Iguaçu tem crescido há tempos para muitos moradores. Agora, recentes dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que muitos crimes de fato tiveram aumento expressivo em Comendador Soares, Cabuçu e Km32, entre 2012 e 2013: homicídio doloso (39,6%), tentativa de homicídio (35%), roubo a transeunte (32,2%), lesão corporal dolosa (11,3%) e estupro (2,5%). Para muitos, o motivo tem nome e sobrenome: as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) que, presentes em 36 favelas na cidade do Rio de Janeiro e em uma em Duque de Caxias, teriam levado à migração de criminosos da capital para bairros não dominados pela Polícia Militar.

O ano de 2014 já começou com dados alarmantes nestes bairros, sob controle da 56ª DP. Em apenas três meses (janeiro, fevereiro e março), crimes como homicídio doloso, tentativa de homicídio, lesão corporal e roubo a transeunte já correspondem a cerca de 30% dos números de 2013. O resultado é uma mudança na rotina de seus moradores. Ficar na rua à noite, sair com o carro ou passar em determinados lugares tem sido um desafio.

Fotos: Letícia Rocha Se antes Comendador já era dominado por antigos grupos do poder paralelo, hoje fica a mercê de novos criminosos. Quando era feita uma “limpa” na área, as pessoas sabiam que ficar em grupos nas esquinas, à noite, não era uma boa ideia. Agora, mortes têm acontecido à luz do dia. O morador Bruno de Souza testemunhou, neste ano, o assassinato de dois jovens em sua rua, ainda cedo. Os motivos ainda não foram esclarecidos. “A primeira morte aconteceu em um sábado, ele tinha 19 anos e tinha vindo visitar a mãe. A arma que usaram era de calibre pesado e a rua estava cheia. Era meio-dia”, conta o jovem, de 27 anos. A segunda morte aconteceu no fim de semana seguinte. “Novamente, o assassinato foi cedo e a rua estava cheia”, relata, lembrando que não se sabe o autor do crime.

O medo da violência fez com que a Igreja Metodista em Bandeirante (localidade em Comendador) decidisse não realizar um culto, que acontece normalmente às quartas-feiras, no mês de abril – e não foi a primeira vez que isso ocorreu. Alguns frequentadores avisaram que não iriam pois a região estava perigosa – um deles não pôde sair de casa pois sua área estava sob “toque de recolher”. “Minha filha estava sentada na igreja neste dia e passou um carro estranho, andando devagar, como se estivesse procurando alguém. Subiu, desceu, subiu e desceu de novo”, contou uma freqüentadora.

Bairros de Nova Iguaçu têm padrões diferentes

As 52ª (Centro) e 58ª DP (Posse, Austin, Miguel Couto, Vila de Cava e Tinguá) têm padrões diferentes de violência em seus registros. No Centro, por exemplo, diminuiu, entre 2012 e 2013, o número de crimes de homicídio doloso, tentativa de homicídio, lesão corporal dolosa e estupro. Por outro lado, cresceu o número de roubos (a estabelecimento comercial, a transeunte e de celular) e furto de veículos.

Nos bairros sob comando da 58ª DP, aumentou o registro de homicídios dolosos, tentativa de homicídio, roubo (a estabelecimento comercial, a transeunte e de celular) e furto de veículos. Somente os crimes de lesão corporal dolosa e estupro tiveram diminuição entre 2012 e 2013.

Para Marcelo Lessa, presidente do Conselho de Segurança de Nova Iguaçu, o modelo de segurança utilizado hoje pelo governo do estado é bom, mas precisa ser aprimorado, já que o modelo de ocupação com as UPPs gera deslocamento de criminosos para outras áreas. “Os marginais vão, com certeza, para as áreas mais carentes de segurança pública. E Nova Iguaçu, com certeza, fica neste mapa”, conclui, lembrando que os números da atuação policial (apreensão de drogas e prisões, por exemplo) aumentaram em quase todos os casos na cidade. O Conselho Municipal de Segurança se reúne mensalmente e agrupa membros do governo e da sociedade civil.

Lessa, assim como os moradores de Nova Iguaçu, aguarda providências. “Uma política ostensiva de segurança pública não é suficiente. A gente precisa do policial fardado quando o Estado falhou na saúde, na educação e no encaminhamento ao jovem”, diz. Ele afirma que o governo do estado havia prometido a instalação de um batalhão (o mais próximo fica em outro município, Mesquita) e um efetivo de 600 homens na cidade, mas apenas 60 chegaram e o batalhão ainda não existe. Outros projetos, em parceria com o Governo Federal, foram aprovados e aguardam recurso, como o Sistema de Videomonitoramento, que levaria 116 câmeras para a cidade, e a estruturação da Secretaria de Assuntos Estratégicos, que trabalharia na prevenção da violência.

 

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