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Projeto leva música clássica às escolas

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Fotos: divulgação / Júlio Moreira

Há belas histórias que têm origem em acontecimentos trágicos. Frente à injustiça e à fatalidade, o desejo de vingança pode ser transformado em sonho de mudança. Este foi o caso de Carlos Eduardo Prazeres que, após perder o pai em um seqüestro planejado na Maré, optou por uma ação transformadora e fundou o Projeto Estrada Cultural. A iniciativa sintetiza um antigo desejo do seu pai, o maestro Armando Prazeres, de trazer a música clássica para jovens moradores de comunidades em situação de risco social. Hoje, 300 alunos aprendem a tocar violino, viola, violoncelo, oboé, contrabaixo, flauta doce e transversal não só na Maré, mas também no Caju, na Penha e em Xerém.

“O diferencial é que não somos um projeto social, mas profissionalizante. Temos a meta de formar músicos para o mercado de trabalho. O pensamento é renovar a música clássica e popularizá-la”, afirma Carlos, que já administrou diversas orquestras, e aponta como um dos grandes objetivos do projeto, o ingresso dos alunos em faculdades de música.

O Projeto Estrada Cultural nasceu em 2010 e já conta com uma orquestra juvenil, a Orquestra Maré do Amanhã. Os participantes têm de 8 a 16 anos e recebem uma bolsa de meio salário mínimo – financiada, assim como todo o projeto, por diversas empresas e pela Secretaria Municipal de Cultura. Além da bolsa, os alunos recebem emprestado o instrumento que tocam.

O objetivo de profissionalização é incentivado dentro do próprio projeto, como mostra a trajetória da violinista Railda Lira, de 16 anos. “No começo não temos a noção de como pegar no instrumento, por isso entram 50 adolescentes, mas só ficam 25. Não é fácil, mas é gratificante. Quero continuar e ser uma musicista ou professora, já que hoje ensino a quem entra no projeto”, comenta a jovem.

O maestro da orquestra, Filipe Kochem, confirma que é necessário muita força de vontade para permanecer no curso. “O trabalho é grande, são seis ensaios por semana, além de apresentações. Cada dia que passa é um orgulho vê-los levando o nome da Maré para o Brasil todo”, relata. Além do aprendizado musical, os alunos têm acompanhamento das notas da escola e da convivência familiar.

Luiz Felipe, diretor do CIEP Operário Vicente Mariano, onde acontecem aulas de música, diz sentir orgulho de ter o projeto na sua escola. “Eu atuava na 10ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e sonhava em estar numa escola que tivesse um projeto assim. Quando fui transferido, foi uma felicidade”, comemora. Para ele, concentração, responsabilidade, autoestima e estímulo à aptidão são alguns dos fatores positivos que traz o Estrada Cultural. A diretora do CIEP Ministro Gustavo Capanema, onde há outro núcleo, confirma este resultado. “O maior ganho é despertar para o caminho da música erudita. Percebo evolução, compromisso e sensibilidade quando escuto eles tocarem” diz a diretora, revelando que sempre se emociona ao ouvir seus alunos tocando uns para os outros, em um ambiente de violência urbana como o da Maré.

Os próximos passos envolvem a maior qualificação daqueles que já são alunos e a obtenção de uma sede própria, na Maré. “Precisamos que a nossa comunidade acredite na gente, para isso desejamos nos apresentar na Maré inteira, fazer daqui a nossa casa”, confessa Carlos.

 

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