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Enchente devasta Fazenda Botafogo

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Foto: Vitor Madeira
Medicamentos do posto de saúde perdidos, uma lua de mel adiada, ou a impossibilidade de dormir sob o próprio teto. A enchente da madrugada de terça-feira, 10 de dezembro, afetou a vida dos moradores de Fazenda Botafogo, Zona Norte do Rio de Janeiro, de diversas formas. Na comunidade impera a desolação com a perda de bens e a solidariedade entre as famílias. É consenso entre todos, porém, a urgência pela dragagem do Rio Acari, cujo assoreamento é visto pelos moradores como a maior causa por ter o nível das águas chegado a 1,80m de altura. Segundo os antigos moradores da comunidade, foi a pior enchente já registrada ali – algo parecido aconteceu, pela última vez, em 1992.Foto: Vitor Madeira

O dia a dia de muitas famílias virou de cabeça para baixo. Em todos os lados, era dito, enfaticamente: “eu perdi tudo”. É o caso de Joana Furtado, 39 anos, que, além de precisar alojar 12 pessoas em seu apartamento de dois quartos, em um conjunto habitacional, agora tem espalhados em sua casa roupas, documentos e móveis cheios de lama. Seus filhos não têm ido à escola, pois estão ajudando a reorganizar a casa, que perdeu fogão, geladeira, computador, televisores e até as vestimentas compradas especialmente para o Natal. Além disso, ela e seu filho precisam de medicamentos, cujas receitas foram por água abaixo.

Foto: Vitor MadeiraO funcionário público André Costa morava com a mãe até a quinta-feira, 12, quando casou com Aline Conceição. Na antiga casa, estava a roupa para o casamento que, após a enchente, teve que ser substituída por um figurino emprestado. A lama também tomou o enxoval do casal que, além disso, transferiu a lua de mel para a tarde de sexta.

Os funcionários e pacientes do Centro Municipal de Saúde Fazenda Botafogo também foram surpreendidos. A unidade, que fica ao lado do Rio Acari, ficou com água a mais de um metro de altura e perdeu 16 computadores, geladeira, mobiliário, além de parte das vacinas e medicamentos. Denise Blanco, gerente do CMS, diz que a prefeitura garantiu reabastecimento imediato. A preocupação agora é outra. “É possível que semana que vem muitas pessoas apareçam com diarréia e leptospirose”, conta Denise. 

O Rio Acari é um dos mais poluídos da cidade e é usado para descarte dos mais diversos objetos. A própria comunidade reclama que os moradores jogam lixo na rua e no rio. De tão assoreado, moradores dizem que vacas e cavalos pastam dentro dele. Além do assoreamento e da sujeira, o estreitamento do leito do rio contribuiu para a cheia do Acari. Foto: Natália Peçanha
A Rio Águas prevê que obras de drenagem e canalização do rio, que custaram R$87,7 milhões, sejam concluídas em 2014. No entanto, apenas 2,8km do rio, do total de 7,1km de extensão, seria contemplado – e o trecho que corta Fazenda Botafogo não estaria incluído. No entanto, segundo o vereador Eduardo Moura, o prefeito Eduardo Paes pretende atender ao bairro bairro o mais rápido possível. A assessoria de imprensa da Rio Águas afirmou que obras de emergência serão feitas ali.

Foto: Vitor MadeiraMesmo tendo o nível da água baixado, o mau cheiro do rio continua nas paredes das casas, nos móveis e nas roupas. A invasão das águas estragou móveis e eletrodomésticos novos e a incerteza financeira leva moradores ao choro. Segundo a organização Proteste, os cidadãos afetados por enchentes têm direito à indenização do poder público pelos danos sofridos, já que este deve regulamentar a ocupação do espaço urbano, além de realizar obras que impeçam este tipo de transtorno.

A instituição sugere ainda que os moradores se organizem para entrar com uma ação coletiva, que tem mais força que as ações individuais. Isto pode ser feito com o auxílio da associação de moradores, da Defensoria Pública ou do Ministério Público. A Prefeitura não respondeu, até a finalização da reportagem, se as vítimas das chuvas serão indenizadas.
Por ora, a Associação de Moradores (Rua Ender, ao lado da DPO) e a Igreja São Jerônimo (Rua Theremin, próximo ao PAM Coelho Neto) estão recebendo doações. As prioridades são vestimentas, água, roupa de cama, colchonete, sapato e alimentos. O Viva Rio também está recebendo doações em sua sede, na Rua do Russel nª 76. Saiba mais em: http://vivario.org.br/viva-rio-inicia-campanha-de-ajuda-as-vitimas-das-chuvas/

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