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Artista, atleta e tetraplégico no Alemão

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Foto: divulgação
Há os super-heróis e os heróis invisíveis. Márcio Alcântara, 42, morador do Complexo do Alemão, pertence a esta segunda categoria. Tetraplégico após um acidente de moto em 1993, decorrente de uma tentativa de assalto, o funcionário público encontrou, no esporte e nas artes, caminhos para superar os obstáculos que se acumularam na sua vida: as limitações físicas, a exclusão social, o preconceito. 

Foto: Nizete AlcântaraNesses vinte anos de cadeira de rodas, as batalhas foram muitas. “Hoje faço esporte adaptado, trabalho, estudo. Essas vitórias, eu conquistei depois de ficar 15 anos em cima da cama, sem amigos e sem oportunidades”, relembra. Hoje em dia, Márcio tem agenda cheia: além do seu trabalho, participa das operações Lei Seca e é atleta paraolímpico de rugby – já levou até medalhas de prata e bronze em campeonatos nacionais paraolímpicos da modalidade.

Foto: divulgaçãoRecentemente, um novo hobby se adicionou ao seu leque de ocupações: a pintura. Convidado por Jeferson Maia, amigo e também tetraplégico, Márcio passou a participar do grupo Adapt’art, que reúne artistas, com deficiências ou não, para pintar nos finais de semana. De acordo com Márcio, a arte lhe traz prazer, novos amigos, e uma maior integração com a sociedade. “Pintar com a boca me traz respeito, força e coragem para mostrar às pessoas que, apesar de qualquer problema que possamos ter na vida, há sempre uma esperança para recomeçar de novo”, afirma Alcântara.
Barreiras são apenas uma provocação 
Para Jeferson, morador de Padre Miguel e fundador da Associação de Pintores com a Boca e os Pés, os encontros são inclusivos e se tornaram um meio de superar dificuldades. “Qualquer pessoa pode participar conosco, independente de morar em favela ou palácios. Nossas atitudes repercutem em toda nossa jornada, de forma positiva ou negativa. As barreiras significam apenas uma provocação”, declarou o pedagogo e artista plástico.
Uma destas barreiras é, para Márcio, a locomoção. Ele conta que depende da cadeira motorizada para andar entre os carros, já que as calçadas estão sempre tomadas por carros estacionados de forma irregular e camelôs. Na sua comunidade, a dificuldade é acentuada pela inclinação do morro. “Sem dúvida é mais difícil morar na favela, pela falta de acessibilidade. O que é difícil fora se torna mais difícil aqui!”, admite.
Foto: Nizete AlcântaraOutra barreira, para Márcio, é o preconceito. Segundo ele, esta dificuldade faz parte da sua rotina – mas a pintura ajuda a amenizá-la. ”O preconceito existe de várias maneiras e eu o sofro todos os dias. Acho que ele não acaba quando alguém vê uma tela pintada com a boca, mas a pessoa o esquece por um momento. Na arte, somos iguais”, afirma o morador do Alemão, que diz se desligar do mundo ao pintar e ter um grande prazer em imaginar a reação das pessoas ao verem a tela pronta.

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