Habemus Papam – O calvário de jovens no Rio para participar da JMJ
“Pena” é o sentimento que mais sinto em época de JMJ.
“Pena” é o sentimento que mais sinto em época de JMJ. Quando comecei a perceber a Jornada Mundial da Juventude em outdoors, TV e internet, não imaginava o alvoroço que estava por acontecer no Rio de Janeiro.
Em época de férias, me ofereci para levar 23 jovens de Fortaleza de Vila Kennedy/Bangu (Zona Oeste) à Copacabana onde ocorrem parte das cerimonias religiosas desse mega evento. Pra um cara que nasceu e cresceu em favela e que já andou por meio mundo, fato que achei que seria mais uma experiência que tiraria de letra. #Sóquenão. Me decepcionei com tudo que vi.
Simplesmente, o Rio não está nem um pouco preparado para receber um mundaréu de pessoas como está acontecendo. O perrengue já começou no primeiro busao que tivemos que pegar. Além de demorar horrores, quando uns míseros ônibus passavam, não paravam. Depois de umas 4 “latas velhas” não pararem, pegamos um com direção ao metrô Coelho Neto. Quando chegamos na estação, fomos “aconselhados” a não utiliza-lo, pois o mesmo estava indisponível por uma queda de energia. Depois de horas tentando procurar uma segunda opção para Copacabana – que não existe em Coelho Neto -, eis que o metrô voltou a funcionar.
Ao chegar em Copa, descobrimos que a estação Cardeal Arco Verde não estava funcionando. Tivemos que descer na Siqueira Campos. Havia um mundo de gente (fortifico a afirmação em letras garrafais “UM MUNDO DE GENTE” de todos os cantos do planeta) nas ruas sem saber para onde ir. Gente tentando chegar, gente tentando sair do bairro e a metade das ruas interditadas o que dificultava mais a locomoção dos peregrinos já que a opção mais conveniente era o metrô, mas como a estação da Siqueira estava abarrotada de gente, poderiam optar pelos ônibus. Depois de mais de 3h de perrengue, eis que chegamos nas areias de Copacabana onde rolava a missa. Não gente, não voltei a minha vida de “crente da bunda quente”, só estava fazendo minha parte pq quem é carioca sabe das dificuldade de andar em uma cidade grande e de segurança duvidosa além da precariedade do transporte público – vou pro céu (rs).
Se eu achava que o perrengue era só chegar, o pior estava por vir. Voltar foi um sofrimento triplicado. Ao terminar a missa, simplesmente o tal mundaréu de gente resolveu pegar o mesmo transporte, o metrô. Foi vergonhoso ver tanta gente sem saber para onde ir. Via o desespero no rosto de alguns.
Quando chegamos em Coelho Neto, antes das 00h já não havia mais ônibus integração enquanto havia mais um mundaréu de gente – repito, de todo o mundo – esperando com muita esperança um “onibuzinho” cair do céu. #Sóquenão. Aconselhei aos peregrinos, que me acompanhavam, andarmos até a Av. Brasil onde poderíamos cogitar a hipótese de conseguir algum motorista abençoado que parasse e levasse-nos embora. #Sóquenão. Os ônibus, mais uma vez, não paravam. Isso por que esse mundaréu de gente estava na Av. Brasil, em Coelho Neto, que tem uma segurança duvidosa e com toda precariedade do verdadeiro transporte público carioca.
A aproximadamente uma hora da manhã, eis que surgiu um ônibus intermunicipal que era a única opção e que tivemos que pagar R$6,30 para um peregrino vir em cima do outro enquanto um outro mundaréu de gente ficaram ali esperando um ônibus que pudessem leva-los também.
Pena por tudo que está acontecendo. Pela falta de estrutura de uma cidade que acha que está preparado pra receber tanta gente. Pela falta de compaixão que motoristas têm por não entenderem que muitos peregrinos que mal sabem falar uma palavra em português estão em terra de ninguém, a mercê da violência.
Há muito tempo não faço um pedido a Deus. Se ele realmente me ouve, peço que cuide de seus filhos porque se depender das autoridades oferecerem segurança e mobilidade para esse povo, a história não vai acabar legal.
Mesmo com todos os problemas de uma cidade que se diz maravilhosa e com o alvoroço de uma juventude buscando sua espiritualidade e perseverança, “Habemus Papam”!!!