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No morro com sabor do Oriente

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Fotos: Cecília Vasconcelos

 

O sonho de trabalhar perto de casa e não ter patrão no pé motivou alguns sushimen de nobres endereços da Zona Sul do Rio de Janeiro a apostar em suas próprias habilidades para o negócio na favela da Rocinha. Com trabalho duro eles conseguiram cruzar as dificuldades e abrir as portas de restaurantes – dos mais modestos aos mais arrumados – que atendem a moradores do morro e do asfalto. Hoje, já são dez japas na comunidade.

Um dos mais antigos, o Via Japa, na via Apia, umas das principais ruas de acesso à favela, é  fruto da amizade entre dois empresários do asfalto e alguns moradores do morro. A idéia do negócio, que já tem mais de dois anos, surgiu numa conversa despretensiosa, quando ainda eram poucas as casas do ramo na favela.

“O Via Japa foi o primeiro grande restaurante japonês da Rocinha e ainda hoje somos uns dos mais conceituados, com um cardápio que não deve nada aos grandes restaurantes da Zona Sul. Recebemos clientes de São Paulo, Minas Gerais e até da Bahia. Viramos referência, quem vem à Rocinha, quer conhecer o Via Japa”, diz o gerente Fábio Franklin.

De ex-funcionário a patrão

Solange Farias e o marido Lupercínio Martins trabalhavam num japonês em Copacabana, ele como sushiman e ela como operadora de caixa. Apaixonado pela profissão, Lupercínio sempre sonhou abrir seu próprio estabelecimento, o Azuki Sushi, na Travessa Oliveira. Ele e a mulher trabalharam em dois turnos e assim conseguiram dinheiro suficiente para iniciar o projeto: “Começamos lá de baixo, em casa, só com serviço de entrega. Meu filho era o entregador e, às vezes, até eu mesma. Sempre mandava um agrado para os clientes e assim fui fidelizando”, relata Solange. De lá até hoje, já se foram dois anos. E houve um crescimento rápido, segundo Solange, levando em consideração tudo o que conquistaram.

O restaurante do casal tem pouco mais de 30 lugares – um anexo foi inaugurado em julho para dar conta do movimento. E o sucesso deve-se a muito esforço: “Nós trabalhávamos de meio dia às duas da manhã. Eu vivia cansada física e mentalmente porque cuidava de toda a parte administrativa, além do atendimento. Lavava louça, cozinhava, fechava pedido e meu marido no sushi”. Esta situação durou mais um ano até contratarem o primeiro funcionário. Hoje são dez empregados, contando com o casal e o serviço de entrega.

O sucesso do restaurante, Solange diz que se deve ao atendimento, além da qualidade.  “Recebo muitos gringos. E agora, com a inauguração do anexo, pretendo receber muito mais e ainda realizar meu novo sonho que é abrir um restaurante fora da Rocinha”.

Leonardo Gomes de Oliveira é sushiman há 15 anos. Trabalhou por dez anos no restaurante Tanaka e diz ter aprendido lá tudo o que sabe. Depois, trabalhou mais cinco anos em um restaurante em Copacabana, com Fernando de Souza, seu sócio no Katsumaru, na Travessa Mesopotâmia. Leonardo aplicou todas as economias de anos de trabalho no sonho de ser o próprio patrão. Sem medo de ser feliz, confiou em seu bom gosto e capacidade. Hoje eles têm sistema de entrega para bairros e shoppings vizinhos à Rocinha.

Assim como os outros restaurantes, o Katsumaru recebe clientes de outros bairros e Leonardo explica: “Meu preço é bom e a qualidade também. Não é moda, é trabalho bem feito. Os clientes de fora sempre me falam que em outros restaurantes mais caros não encontram a qualidade daqui”.

Aproveitando que a culinária japonesa caiu no gosto da favela, Leonardo decidiu inovar: criou o Salmão Lemos e o Hot Filadélfia Especial, que já viraram sucesso. E certo que a dobradinha “trabalho e qualidade” não tem erro, ele afirma: “nunca tive medo de não dar certo. Acredito na qualidade do meu produto e da minha capacidade, afinal, aprendi tudo que sei com o melhor sushiman eleito do Rio de janeiro por sete vezes, o Sr. Tanaka”. Agora é só fazer a sua visita e comprovar.

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