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“Cabritinhos” da Providência aguardam regularização

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No entorno do recém-inaugurado Teleférico da Providência, estão os “cabritinhos” – Kombis que há décadas fazem o transporte de moradores na comunidade e em seus arredores. Ao contrário do primeiro, que foi capitaneado pela Prefeitura do Rio com investimento de R$75 milhões, os “cabritinhos” ainda não foram totalmente regularizados – o que é desejo de muitos trabalhadores do ramo.

Segundo a Coordenadoria Especial de Transporte Complementar, algumas linhas funcionam com uma espécie de autorização provisória, que não controla detalhes como trajeto. Está em estudo a implementação de um decreto como o de número 37.802, que regula o serviço nos complexos do Alemão e Penha. Enquanto isso, a fiscalização exige o cumprimento do Código de Trânsito por parte dos veículos que saem da comunidade – a regra informal é que a inspeção só seja feita fora da favela, de onde os cabritinhos devem sair o mínimo possível. 

Aloizio José dos Santos, de 51 anos, trabalha há 12 em um ponto de cabritinho na Rua Sacadura Cabral. Ele conta que ali, o serviço não conta nem com autorização. “O que nós esperamos é que legalize, com certeza vai ser bom para nós. Vi que no Complexo do Alemão já estão regularizadas”, comenta. 

Lau da Kombi, de 37 anos, trabalha em um ponto, na Rua Senador Pompeu, onde as Kombis têm autorização – e até aceitam o serviço Rio Card. ”Se estiver escrito ‘cabritinho’ na Kombi, que significa que esta só trabalha em morros, eles liberam porque não atrapalha as empresas de ônibus”, diz o motorista, que trabalha ali há 8 anos. 

 

“Cabritinhos” têm nova concorrência

Com o teleférico, inaugurado dia 2 de julho em uma fase de testes (só funciona de 9h às 11h), moradores se dividem entre qual tipo de transporte usar. Alex César, de 32 anos, diz que usará o novo meio de transporte quando ele estiver em pleno funcionamento. “Eu vou usar o teleférico diariamente, pois preciso sair daqui às 6h e as Kombis só começam a rodar às 9h”, afirma o motoboy.

Já a estudante Gabriela Rodrigues, de 16 anos, diz preferir o cabritinho e acredita que o teleférico não terá muita adesão. “Acho que principalmente os idosos não poderão usar, pois não se pode levar compras, e também por medo, porque o teleférico balança muito”, opina. De acordo com a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto, operadora do teleférico, os moradores podem levar sacos de compras que caibam no colo ou no chão – o material transportado não pode ultrapassar 40 centímetros de largura e altura.

Além do volume dos materiais, outras regras de convivência foram estabelecidas para a utilização do novo meio de transporte: não podem entrar nas estações pessoas sem camisa, descalças ou com trajes de banho; menores de 12 anos só podem andar acompanhados de um adulto; o consumo de comidas e bebidas nas cabines do teleférico também não é permitido; entre outros. 

Para Lau da Kombi, a inauguração do teleférico não afetará a demanda por cabritinhos. “Não vai afetar tanto assim nosso trabalho pois tem muitas exigências no teleférico, como não poder entrar bebida, carregar peso, comida. Além de que, quem mora no Farias, uma  ladeira da comunidade, não vai ter acesso pelo teleférico”, prevê o motorista. Aloizio José concorda. “Meu ponto é mais próximo dos mercados e escolas da região do que os pontos do teleférico”, diz.

O teleférico conta com três estações, que serão percorridas em 5 minutos: Central do Brasil, Alto da Providência e Gamboa. O limite de passageiros de cada uma das 16 gôndolas é de dez pessoas: oito sentadas e duas em pé. A estimativa da prefeitura é de que mil pessoas utilizem esse transporte por hora, em cada sentido.

 

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