Single Blog Title

This is a single blog caption

Mulheres da Rocinha se previnem contra o câncer

Share on Facebook0Tweet about this on Twitter
Cancer de mama

O mês de outubro foi escolhido como o mês da conscientização sobre o câncer de mama, que é o que tem mais casos registrados no Brasil

Outubro foi consagrado como o mês de prevenção ao câncer de mama no mundo. Para conscientizar sobre o problema, monumentos no mundo inteiro têm sua iluminação modificada para a cor rosa, cor símbolo da luta. No Rio de Janeiro, além de colorir o Cristo Redentor e dos Arcos da Lapa ficarem rosa, outras ações específicas são pensadas para prevenção da doença. Uma delas é o trabalho desenvolvido pela Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica Rio (MEDPUC), que oferece desde o ano passado um projeto que tem feito a diferença para moradoras da Rocinha.

O projeto de Detecção do Câncer de Mama oferece mamografias gratuitas para moradoras da Rocinha acima dos 50 anos. O objetivo da iniciativa, que é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), é fazer um mapeamento da doença na região a partir do acompanhamento de mulheres. A estimativa de 2014 do Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta o registro de 8.380 casos no Estado do Rio, o que representa o maior índice entre os outros tumores. Quando o diagnóstico é precoce, as chances de cura aumentam muito, chegando a ser de 85%.

O Professor Doutor Carlos Ricardo Chagas, coordenador do Curso de Especialização em Mastologia da Escola Médica de Pós-Graduação (EMPG) da PUC Rio, explica a importância do exame: “Nós falamos em prevenção, mas na verdade o que queremos é o diagnóstico da doença em fase inicial, com chance de cura que pode chegar a quase 100%. O método ideal para isso é a mamografia que pode descobrir tumores com 0,5 cm ou menos”.

Além disso, as mulheres também podem prevenir o aparecimento da doença com alimentação saudável, por exemplo. “Devemos ter muito cuidado com: obesidade, má alimentação, sedentarismo e bebidas alcoólicas”, enumera.

Falta de conhecimento atinge mais mulheres pobres

A diarista Zeni de Souza, de 51 anos, já se deparou com o câncer duas vezes. Na primeira vez o diagnóstico foi detectado tarde demais e ela perdeu uma das mamas. “Eu não sabia o que era o autoexame e também não tinha plano de saúde. E conseguir uma consulta no sistema público foi difícil”, conta. Ela diz ainda que só procurou um médico quando o problema já estava grave. “Só fui a médico mesmo quando as dores começaram a aumentar e começou a sair um líquido do meu seio”, lembra.

A falta de conhecimento sobre o assunto e a demora em agendamento dos testes clínicos, segundo ela, foram os principais fatores que levaram a um tratamento tão tardio . “Foram quase dois meses para conseguir uma vaga para fazer a mamografia. Quando eu vi, já era tarde. Quando a doença voltou, eu não perdi tempo e paguei um exame particular mesmo, senão corria o risco de perder a outra mama também”.

Apesar das dificuldades, Zeni continua levando a vida adiante e não parou de trabalhar. “Não foi fácil. É muito duro você se olhar no espelho e ver que falta uma parte de você. Ainda mais eu que tenho dois filhos e sou casada. Fiquei com muita vergonha do meu marido, mas ele foi maravilhoso”, conta.

A campanha encabeçada pela PUC, para ela é o modelo de prevenção que a Rocinha precisava. “Achei muito legal a ideia. Não desejo o que eu passei a ninguém. Tendo algum sintoma ou não, é melhor fazer o exame. Essa doença as vezes é silenciosa. E já que na universidade é de graça, é bom se prevenir”.

Os exames já estão disponíveis a partir deste mês. Podem se cadastrar para o benefício mulheres entre 50 e 70 anos. Porém, mulheres mais novas que possuam algum sintoma ou tenham casos da doença na família estão aptas a participar. Após serem cadastradas, terão uma consulta gratuita no Ambulatório da Escola Médica, na Gávea, e realizarão a mamografia no Serviço de Radiologia do Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro com transporte fornecido pela PUC.

As mulheres que não têm suspeita de câncer de mama serão encaminhadas para o grupo de prevenção primária que será implantado na comunidade sob a supervisão da MEDPUC. Os casos onde forem detectadas alteração ou suspeita de lesão maligna serão conduzidos à biópsia. Confirmada a lesão, serão realizados o procedimento terapêutico adequado e a reconstrução mamária quando a mastectomia for necessária.

Os exames  começaram a ser realizados no início deste mês e até agora quase 60 mulheres já estão inscritas. As interessadas em participar do projeto e realizar a mamografia gratuita deverão comparecer a Casa da Medicina, localizada na Estrada da Gávea, número 36, das 9h às 16h. O telefone para contato é o 21 3527-2502.

Deixe uma resposta

Parceiros