Single Blog Title

This is a single blog caption

Hospital recria sonhos e brincadeiras

Share on Facebook0Tweet about this on Twitter
O médico simula o atendimento real em uma paciente em seu hospital de brinquedos. (Fotos: Andressa Cabral)

O médico simula o atendimento real em uma paciente em seu hospital de brinquedos. (Fotos: Andressa Cabral)

Em tempos de smartphones, tablets e videogames os brinquedos tradicionais, como bonecas e carrinhos mais simples, vão perdendo espaço no universo das crianças de hoje, cedendo espaço para as novidades tecnológicas. Com isso, os hospitais de bonecas, frequentados por “mães” das décadas de 1980 e 1990 vão dando vez às assistências técnicas e estimulando o consumo das crianças.

No Rio de Janeiro, já existiram três hospitais bastante conhecidos e que ofereciam serviço de qualidade. Hoje, o único em funcionamento fica no Tanque, em Jacarepaguá. É o Hospital de Brinquedos. Lá, profissionais de eletrônica e eletrotécnica fazem os reparos em bonecas, carrinhos e até motos elétricas. Como o próprio nome diz, o hospital serve para resgatar brinquedos em geral, mas oferece serviços que vão além do que fazem os hospitais comuns, como a venda de roupas novas para as “pacientes”, encomendadas para uma costureira que elabora peças únicas artesanalmente.

Em funcionamento há 28 anos, Luiz Carlos Spinoza, responsável pelo hospital, viu no conserto de brinquedos uma alternativa ao desemprego. Antes, ele fazia manutenção de máquinas de escrever. Após um período trabalhando como chaveiro, ele teve a sua primeira experiência consertando um carrinho e logo outras pessoas ficaram sabendo que Spinoza consertava brinquedos mesmo trabalhando em outro ofício. O eletricista acabou tomando gosto e se especializou em cursos de eletrônica e restauração para realizar um trabalho cada vez melhor. Hoje Luiz conta a ajuda dos filhos no dia-a-dia no hospital e com alunos da FAETEC, que são contratados como estagiários.

Cenário real reforça o imaginário

No estacionamento, motos e patinetes aguardam seus pilotos

No estacionamento, motos e patinetes aguardam seus pilotos

Por mês, Spinoza recebe de 300 a 400 brinquedos para que passem por reparos. Por cada conserto, ele costuma cobrar de 20% a 30% sobre o  valor de um brinquedo novo. Entretanto, nem todos os brinquedos que chegam para o conserto são atuais. “Das bonecas que recebemos aqui, cerca de 20% são de estimação: aquelas que mães querem consertar para dar para as filhas. Ainda existe esse apelo sentimental com esses brinquedos”, diz, sorrindo.

Dentro do hospital, os brinquedos recebem cuidados de pacientes de carne e osso. De acordo com o diagnóstico passado para os “médicos”, eles sofrem uma série de procedimentos. O espaço é dividido nos setores de raio X, centro cirúrgico, emergência, ortopedia, pediatria, farmácia e berçário. E ainda uma UTI móvel para a retirada de carros e motos elétricas. “Mais adiante, eu penso em fazer as UPA Toys, para atender pessoas de outros bairros, como Campo Grande e Caxias. Aqui seria o hospital central”, comenta.

Um berçário real foi construído para encantar as meninas que vêm buscar as “filhas”

Um berçário real foi construído para encantar as meninas que vêm buscar as “filhas”

Para recepcionar as crianças, Spinoza se caracteriza de médico para recriar o imaginário de hospital nas “mamães”. As bonecas ficam em um berçário, causando surpresa e contentamento às crianças. O espaço está sempre aberto para visitações.

Portas fechadas

O Hospital de Bonecas de Ramos deixou de funcionar quando seu idealizador, ex-funcionário da fábrica de brinquedos Estrela, Luis Ferreira de Menezes, faleceu. Por mais de 50 anos, ele dedicou ao conserto de centenas de bonecas. Em 2012, o espaço foi fechado, reformado e hoje está vazio, à espera de algum inquilino. Para Luzinete Menezes, o trabalho de seu pai foi visionário: “Ao sair (da Estrela), ele teve a coragem de abrir uma loja de conserto de brinquedos, onde passou mais de 50 anos fazendo a sua trajetória com determinação para a realização das fantasias das ‘mamães’ e, tendo no olhar brilhante a melhor recompensa desses anos de muita luta”, relembrou, satisfeita.

Luis Menezes se dedicou mais de 50 anos a cuidar de bonecas

Luis Menezes se dedicou mais de 50 anos a cuidar de bonecas

Já em Madureira a idade avançada e a falta de material fizeram com que Seu Rubens parasse aos poucos de trabalhar após duas décadas dedicadas especialmente a bonecas de porcelana. Ex-funcionário do hospital, Roberto Mendes lamenta que as meninas de hoje já não se interessem mais por aquele tipo de boneca, o que faz com que haja pouca procura pelo serviço que era oferecido.  A fachada é o retrato do abandono que tomou o local com o passar dos anos. Na Rua Carolina Machado, os donos do espaço fazem o “encaminhamento” dos clientes para o hospital de Jacarepaguá.

Serviço
Hospital de Brinquedos
Avenida Nelson Cardoso, 275 – Tanque / Jacarepaguá
Horário de funcionamento: Segunda a sexta, das 9h às 18h. Sábados, de 9h às 13h.
Tel.: 2456-1950 / 2456-1868
www.hospitaldebrinquedoisrj.com.br

Deixe uma resposta

Parceiros