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O que é um perfil?

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O perfil é um genêro jornalístico em que a história de vida de uma pessoa é o foco do conteúdo.


O perfil é um genêro jornalístico em que a história de vida de uma pessoa é o foco do conteúdo. Pode ser uma celebridade, um esportista, ou um anônimo: o importante é que esta história, por algum motivo, fuja do padrão. A reportagem pode explorar uma parte da vida do “perfilado”, ou a vida inteira; pode focar em uma faceta do mesmo (ex: familiar, profissional, etc), ou em várias. Para entender um pouco este gênero, seguem algumas dicas, retiradas de outras fontes:

 

“Jornalismo Diário”, livro de Ana Estela de Sousa Pinto

– “Perfis são retratos de uma pessoa (…) A entrevista é boa parte da apuração para esse tipo de minibiografia, não a única. Para tornar seu relato mais rico, se puder, observe. Vai entrevistar o diretor do Metrô e ele diz que só pode à tarde, porque de manhã tem que vistoriar uma obra? Dê um jeito de ir junto com ele, só para ficar olhando. Observe tudo, anote tudo. Isso garante perguntas melhores; mais que isso, permite um perfil mais rico. Se puder fazer uma entrevista em um local significativo, melhor. O perfil é de um executivo que joga golfe? Marque a conversa no clube, em vez de no escritório”.

– “Diálogos podem ajudar na narrativa e enriquecer o texto. Se sua fonte está contando um fato, extraia dela os diálogos. Pergunte: ‘O que você disse quando tal coisa aconteceu?’, ‘Qual foi a primeira coisa que lhe disseram quando assumiu o novo cargo?’, ‘O que você pensou quando o resultado foi divulgado?’. O jornalista canadense Gregg McLachlan sugere pergunta desse tipo, que ele chama de método QUOTE (em inglês, aspas ou citação), para descobrir coisas novas e interessantes sobre um personagem, além da idade, onde estudou etc.

Claro que nem toda pergunta cabe em qualquer entrevista. Mas ele dá um bom exemplo de uma entrevista feita com o ministro da Agricultura do Canadá – num momento em que, com a gripe aviária, ele estava tendo que mandar matar milhares de galinhas no oeste do país.

McLachlan pediu que a repórter perguntasse ao ministro que bicho ele gostaria de ser. A resposta: ‘Certamente, não gostaria de ser uma galinha (risos). Não, não, falando sério, os animais que gosto são mais exóticos. Adoro animais – tigres, animais dos bosques canadenses… Passei muito tempo da juventude nos bosques, em meio a ursos. Sinto falta disso. Costumava trabalhar com o Ministério Penintenciário, num projeto em que levávamos jovens infratores para andar de canoa, e os ursos estavam sempre por lá. Sempre adorei a paz do campo’.

A pergunta extraiu não só uma ótima frase de efeito para o momento atual, ou seja, uma frase que combinava com a notícia, como também fez com o que o ministro falasse mais sobre sua vida e suas preferências”

 

“O personagem em destaque”, texto de Hérica Lane retirado do site do Observatório da Imprensa  

(http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/o_personagem_em_destaque)

 

Em todo texto noticioso, existe sempre um momento da narrativa em que a ação se interrompe para dar lugar à descrição (interior ou exterior) de um personagem. É quando o narrador faz o que, em jornalismo, convencionou-se chamar de perfil”

– “Perfil ou reportagem-perfil faz parte do gênero jornalístico informativo. E, dentro dessa classificação, podemos inseri-lo na categoria dos textos noticiosos chamados de feature, ou seja, uma notícia apresentada em dimensões que vão além do seu caráter factual e imediato, em estilo mais criativo e menos formal. Nessa categoria estão incluídos os perfis e as histórias de interesse humano”

– “Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari, no livro Técnica de reportagem – notas sobre a narrativa jornalística (1986), explicam que perfil, em jornalismo, ‘significa dar enfoque na pessoa – seja uma celebridade, seja um tipo popular, mas sempre o focalizado é protagonista da história: sua própria vida’.

O perfil pode ser leitura saborosa quando consegue contar passagens relevantes da vida e carreira do entrevistado, colher suas opiniões em assuntos importantes, ouvir o que dizem dele os amigos e os inimigos, mostrar como faz o que faz.
 
Sérgio Vilas Boas, no livro Perfis – e como escrevê-los (2003), diz que, diferentemente das biografias em livro, em que os autores têm de enfrentar os pormenores da história do biografado, os perfis podem focalizar apenas alguns momentos da vida da pessoa. É uma narrativa curta tanto na extensão (no tamanho do texto) quanto no tempo de validade de algumas informações e interpretações do repórter”
 
– “Para fazer um perfil é necessário que o repórter se municie previamente sobre o tema de que vai tratar. O motivo é simples: para ir fundo na vida de uma pessoa ou de um lugar é preciso, antes de mais nada, conhecê-lo bem. Estas informações prévias podem ser conseguidas no arquivo do jornal, em pesquisa na internet ou com pessoas ligadas ao assunto.
 
Preparar perguntas e levantar os pontos polêmicos que serão tratados na matéria é o início do trabalho. ‘Mas o repórter deve estar sempre livre de qualquer preconceito, qualquer idéia pré-fixada pela pauta ou por ele mesmo. É a sua sensibilidade que via determinar o enfoque da matéria’, ressalta Ricardo Kotscho (jornalista autor do livro ‘A prática da Reportagem’) 
 
– “O ideal, ao fazer um perfil, é que o repórter encontre o entrevistado pessoalmente. O contato pessoal proporciona detalhes que podem ser fundamentais para a apuração. Mas, às vezes, por problemas de tempo ou de estrutura (nem sempre o repórter tem um carro à disposição para ir encontrar o entrevistado ou tem muitas pautas para cumprir naquele dia), a opção acaba sendo fazer a entrevista por telefone ou por escrito (por e-mail)”
 
– “Muniz Sodré e Maria Helena Ferraria apresentam uma tipologia da reportagem-perfil:
 
** Personagem indivíduo – O retrato que o repórter faz do perfilado é mais psicológico que referencial. O interesse recai sobre a atitude do entrevistado diante da vida, seu comportamento, a peculiaridade de seu modo de atuação. O narrador, logicamente, acentua o lado de maior destaque do perfilado.
 
** Personagem tipo – Nem sempre estamos diante de personalidade tão surpreendentes. É o caso, por exemplo, de celebridades que se inscrevem em categorias: esportistas, cantores, milionários, princesas etc. O normal, nesse caso, é enfatizar, no perfil, justamente aquilo que lhes deu fama: habilidade, talento, dinheiro, beleza ou qualquer outro atributo típico de suas classes ou profissões.
 
** Personagem caricatura – São os sujeitos estranhos, grotescos, de atitudes mirabolantes, com acentuada tendência para a exibição, que podem gerar um perfil tipo caricatura.
 
** Miniperfil – É o que eventualmente é inserido na reportagem. Nesse caso, o destaque é dado aos fatos, à ação, e os personagens são secundários. O relato de um fato é interrompido para dar um enfoque rápido sobre personagens, sob a forma de narrativa ou curta entrevista.
 
** Multiperfil – Há pessoas tão significativas que merecem uma cobertura maior que a do perfil. Exemplo: quando Carlos Drummond fez 80 anos ou quando Jonh Lennon foi assassinado, quase todos os jornais organizaram cadernos especiais exclusivos sobre eles.
 
Nessas ocasiões, publicam-se inúmeras matérias, de diversos tipos (artigos, crônicas, poemas, entrevistas), que testemunham vida e obra da pessoa focalizada. O conjunto forma uma grande reportagem e, naturalmente, seu grande multiperfil, já que são vários narradores e um só objeto da narração”
 
 
 
 
É isso, pessoal! Esperamos que estas informações ajudem o trabalho de vocês de alguma forma. Agora, mãos à obra! 

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