Centro de referência para autista tem nova sede
A escola Mariza Azevedo Catarino, um centro de referência em educação para autistas, que funcionava há nove anos em um pequeno anexo às margens da Rodovia Presidente Dutra, em São João de Meriti, ganha, nesta terça (24), uma nova e moderna sede. O novo prédio, equipado e totalmente adaptado ao público a que se destina, terá salas de leitura e estímulos sensoriais.
Quando foi inaugurada, em 2005, chamava-se Programa de Atendimento ao Autismo (PROAA) e atendia a apenas cinco crianças. Em 2008, passou a fazer parte da rede municipal de educação e comporta, hoje, 120 alunos. A demanda é grande por este ser o único local especializado em autismo da Baixada Fluminense.
A nova casa de dois andares foi preparada para receber crianças e jovens. Os profissionais são capacitados nas áreas de psicologia, psicomotricidade, fonoaudiologia e musicoterapia, entre outras terapias especiais. A sala de estímulos foi uma iniciativa do professor de Educação Física, José Salomão: “É simples e pequena, mas temos resultados excepcionais”, comemora.
A diretora da instituição, Simone Machado de Oliveira, diz que o objetivo é oferecer um espaço onde o autista possa conquistar autonomia. “Ele é sensível e perceptível ao mundo. Cabe a nós, educadores, resgatá-lo, para que possa interagir socialmente e desenvolver suas potencialidades”. Simone está confeccionando, com professores e alunos, enfeites para a inauguração do novo espaço. Os desenhos do jovem Marcos Vinicius, aluno do Programa de Educação para Jovens e Adultos (EJA), também serão expostos.
Professoras preparam enfeites para a sede, que terá exposição de desenhos dos alunos
O psicólogo Rogério Nascimento reforça que a instituição oferece oficinas, palestras, apoio psicológico também aos familiares dos estudantes: “Quando uma pessoa da família fica doente, isto afeta a todos. No nosso caso, como se trata de uma doença crônica e ainda pouco conhecida, a questão é ainda mais delicada”. Mas o principal trabalho, destaca Rogério, é o grupo de troca de experiências entre as mães: “As que estão aqui há mais tempo acolhem as mães que estão chegando, ainda com a emoção à flor da pele”, destaca.
A instituição oferece oficinas de culinária e artesanato para os pais. Alguns decidiram estudar para lutar pelos direitos dos deficientes, que a maioria desconhece. A pedagoga Sônia Vequi ainda não tinha concluído o ensino médio quando matriculou o filho Daniel na escola. Hoje Sônia tem curso de pós-graduação em Autismo.
O maior desafio para Rogério, entretanto, é readaptar o grupo de profissionais, alunos e responsáveis à realidade do novo prédio e tentar controlar a ansiedade dos pais, que ele classifica como um quadro normal: “A nova sede vai possibilitar um trabalho melhor para um número maior de pessoas, mas a tendência é o responsável acreditar que haverá um “milagre”. Estamos mostrando que quem promove as transformações são as pessoas”, completa ele.
O professor José Salomão afirma que já são muitas as conquistas da equipe nestes anos de trabalho. Os alunos têm tido avanços significativos em socialização e autonomia, além de haver a posterior inclusão desses jovens na rede regular de ensino.