Single Blog Title

This is a single blog caption

Um negro estrangeiro em terras africanas

Share on Facebook0Tweet about this on Twitter

22 de julho de 2014. 19:20h da noite. Clima abafado e ao mesmo tempo as mãos geladas. Depois de mais de 15 horas de voo, pousei no aeroporto de Entebbe em Uganda. Percebi que ao olhar envolta erámos todos diferentes, incluindo meus amigos missionários que andavam junto a mim, todos se declaravam pardos/brancos, só eu negro mesmo. Eita! Ganhei um ponto no tratamento vip, #sóquenão, mas não sabia que iria ser tão difícil assim, todos aqueles que são “negros” aqui, digo pela cor da pele, são quase que obrigados a saberem um dos dialetos/línguas locais (Runyancole). Todos riam muito de mim porque mesmo ao dizer: speak english? Os atendentes falavam comigo na língua deles, e com os outros falavam em inglês. Será porque neh? Nos altos e baixos, “eu já estava em casa”! Compreendi que o inglês aqui é utilizado muito pouco, só em cidades civilizadas, diria eu, pelas pessoas que já passaram pela escola, nas maiores cidades como Kampala e Mbarara, longe das tribos aonde reside a maior parte da população do país. Enfim, passaporte na mão; a mulher que nos atendia no aeroporto ficou meio que irritada conosco, no final de todo check in ela disse para nós: Ê! Problem in communication! Só nos bastava rir, nos divertimos muito com esta surpresa ao chegar.

Câmera em foco, típico de turista mesmo. Lembrei-me dos estrangeiros na Jornada Mundial da Juventude em 2013 e na Copa do Mundo no Brasil este ano, naquele momento qualquer novidade era motivo para um click, gosto muito disso. Saindo do aeroporto Fabiany e Rita, responsáveis pela Missão África da RCCBRASIL nos acolheram com a bandeira do Brasil nas mãos, que emoção, estava pisando pela primeira vez em terras africanas. No meu primeiro click fotográfico fora do aeroporto (que é muito simples, nem parece um aeroporto, parece mais uma rodoviária, risos) fui reprendido por um homem que me parecia árabe, iria tirar uma foto de sua mulher toda coberta, só com os olhos de fora, mais tarde fui entender que era uma muçulmana. Aqui em Uganda ainda há rastros de opressão das mulheres e crianças, estabelecidas por homens. Resquícios da última guerra entre africanos e ingleses que resultou na colonização do país (depois tocamos nesta ferida com calma). Partindo dali em direção a Mbarara (pensei que seria perto), enfrentamos mais 6 horas de viagem de ônibus em uma estrada obscura, farol e buzinas de caminhões assustadores, pois em algumas vezes o caminho parecia muito perigoso, mas fomos nós cantando, rezando e entregando a Deus os nossos passos de missão.

Chegamos! O nome da comunidade que nos acolheu (nove missionários) é “Yesu Ahuriire”, que quer dizer: Jesus Vive. Ao partilhar as experiências do chamado desta revoada, o missionário da comunidade local, Byamukama Ambrose, afirmou que esta missão já estava no coração de Deus, e este é o tempo que foi escolhido para ser cumprida a promessa, e que todos que nesta cidade estão, foram convocados pelo próprio Deus. Um dos focos pra mim e para todos que estão missionando aqui é o amor de Deus, o carinho e o compartilhamento do que temos e somos. No fim será revelado a todos os que forem atendidos e a nós servos. Os missionários, que também são profissionais, prestarão serviços voluntários a toda comunidade visitada que no momento se encontra em situação de vulnerabilidade social. Quero assim dizer que não estou só, e apresentar meus mais novos amigos de missão:

Andrea Marcílio – RJ, 40 anos, enfermeira, Ministério de Promoção Humana e coordenadora da revoada;

Carlos Alexandre – RJ, 37 anos, enfermeiro, Ministério de Promoção Humana.

Anne Ramiro– RJ, 27 anos, assistente social, Ministério de Pregação e membra da Comunidade Católica Coração Novo;

EU (risos): Eli Geovane – RJ, 25 anos, universitário, graduando em Serviço Social e Ministério de Comunicação Social;

Elizabeth Aparecida – SP, 35 anos, Ministério de Comunicação e Pregação, membra da Comunidade Católica Elyon;

José Joviano – SP, 26 anos, Ministério de Musica e Artes e membro da Comunidade Católica Elyon;

 Laís Cabral – RJ, 24 anos, Dentista e Ministério de Música e Artes;

Marielle de Paula – SC, 27 anos, dentista e Ministério de Intercessão;

Ronaldo Soares-SP, 36 anos, Ministério de Música e Artes, membro da Comunidade Católica Elyon. 

Avante! Vamos ao trabalho. Em unidade vamos subir a montanha da região de Mwizi e lá ficaremos oito dias sem conexão com a internet, sem água e saneamento básico. Será um grande aprendizado para nós. Partiu, Mwizi! 

 

 

Deixe uma resposta

Parceiros