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“Juntos somos a revolução”. Estou na África, e agora?

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Manhã frienta, poucas horas de descanso (sem falar do fuso horário de 7 horas a mais) e um desejo muito grande no coração: “fazer a revolução naquele lugar”.  Quando pensamos na palavra “revolução” imaginamos logo um monte de pessoas nas ruas com faixas com frases de protesto, talvez revoltadas com as condições de vida da sociedade, sejam elas nas esferas políticas, econômicas, culturais e sociais. Enfim… acredito que você tenha pensado a mesma coisa que eu. Mas, o “movimento giratório”, a revolução que eu deveria fazer ali naquele momento era em mim mesmo. O que deveria mudar dentro de mim para servir melhor aqueles que mais precisavam de ajuda?  Resumindo, meus colegas, a revolução deve começar dentro de você.

Então vamos ao trabalho! Estávamos nesta revoada missionária com uma equipe de 13 pessoas: dois dentistas, dois enfermeiros, as duas missionárias (da missão África que residem lá),  três missionários de uma comunidade católica de São José dos Campos- SP, uma assistente social e eu, que fui cumprir a função de estagiário. Diariamente tínhamos que atender uma população de mais ou menos 200 pessoas, sem contar as crianças. Gente, contar crianças na África é coisa mais difícil do mundo (risos), pois realmente são muitas. Por falar nelas, foi com estes anjinhos que fiquei a maior parte do tempo cantando, rezando e trocando experiências, mesmo com o inglês capenga, elas me ensinaram que a língua não é um empecilho para nos afastar, e sim para nos aproximar. De “tudo bem” a “agandi”, de “thank you” a “webare”, de “God loves you” a “Mukama nabacunda”, eu fui aprendendo o Runyancole, língua local africana (região de Mwizi e outras).  Esse gesto de estar próximo das crianças a cada dia, foi importantíssimo como um processo de atendimento. Muitos ali nunca haviam nem sequer escovado os dentes, e muito menos participado de um atendimento médico. Infelizmente a realidade era essa, ou melhor, é esta. 

Em unidade com os procedimentos dos missionários enfermeiros, pude adaptar a “escuta sensível”, que é um dos instrumentos metodológico-profissional, que envolvem a sensibilidade e a capacidade de percepção por parte do profissional do Serviço Social, o assistente social. Sem falar do acolhimento, que partiam deles primeiramente, através de um abraço, sorriso, de um simples olhar curioso e amoroso. Mas do que uma “escuta sensível” uma “um olhar sensível” para visualizar no meio de tantas crianças os que se encontravam mais vulneráveis naquele momento. Pelas marcas e feridas na cabeça nós já percebíamos, pelo olhar cansado e olheiras. Talvez para eles, aquilo era normal, mas para nós que fomos ali com um objetivo, tínhamos que formá-los da melhor maneira possível.  Graças a Deus, todas as crianças que estavam durante esses 8 dias de missão na região de Mwizi, foram contempladas com o atendimento odontológico. Vimos uma verdadeira “multiplicação das escovas” (risos).  

Pessoas. Crianças, adultos e idosos que nós encontramos lá, vivem em situações subumanas. É triste declarar isso. No coração aquele sentimento, às vezes, de impotência diante de tantas dificuldades. É verdade, não tínhamos equipamentos ultra, mega espetaculares para o atendimento, mas nas caixas trazíamos medicamentos para distribuição (doações), muitas escovas de dente que também foram doadas, duas macas cedidas por um posto de saúde próximo (organizado pela paróquia local) e a nossa inteira vontade de fazer acontecer. Ao sermos impactados pela realidade local. Sim! Uma coisa é ver fotos e assistir vídeos, outra coisa é vivenciar. Entendemos que a revolução naquele momento era servir, servir, servir… COM ALEGRIA! Sem medo e com muita fé na transformação.

 

Em nosso próximo bate-papo, falaremos um pouco sobre a educação em Uganda. Se você reclama das condições que vivenciamos aqui no Brasil, vai pirar ao saber que…

 

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