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Moscouzinho: comunismo em Realengo

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Foto: Mariana Alvim

Quem passa ao lado do Conjunto Residencial de Realengo, inaugurado em 1942 pelo Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários, o velho IAPI, não imagina o pedaço da História que ali se esconde. Durante a ditadura militar (1964-1985), o conjunto foi moradia e local de reunião de integrantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo o líder João Lopes como o maior expoente do grupo. Ter servido de abrigo a tão ilustres personagens do cenário político de então rendeu ao conjunto o apelido de “Moscouzinho”, o que, no jargão da época poderia ser considerado um codinome.

Curioso, porém, é que nos arredores do local, ninguém que ali viva hoje ouviu falar desse passado. No ponto de ônibus, na vendinha e no bar que são vizinhos do conjunto, a única pessoa que mostrou algum conhecimento sobre esse movimentado passado foi a moradora Elciléa da Silva. “Já ouvi falar sobre isso, mas achei que fosse boato”, resumiu.

Gilberto Gomes, 67 anos, da Associação dos Inativos da Indústria (durante a ditadura, dominada pelos comunistas), reluta no início em falar sobre o tema. Para ele, este é ainda é um assunto delicado. “As pessoas não gostam muito de falar que eram envolvidas com o comunismo, têm medo de serem reprimidas”, diz Beto, lembrando que era jovem e não se envolvia com o grupo de resistência.

Jadir Santos da Costa, de 70 anos, também era jovem na época e não se aproximava  muito dos comunistas de Moscouzinho. “Era o pessoal da Associação que se envolvia mais com isso; um pessoal mais velho. Todo mundo aqui sabia que acontecia, mas ninguém se envolvia muito porque tudo tinha que ser muito secreto”, diz. Jadir lembra, no entanto, que toda a região sofria algum tipo de repressão, com espionagem e toques de recolher. João Lopes, segundo Jadir, era um ativo líder comunitário, fazendo trabalho comunitário em toda a região de Realengo.

No momento em que o golpe militar de 1964 completa 50 anos, o Viva Favela convida seus leitores a revisitar “Alô, alô, Moscouzinho”, reportagem (link abaixo) escrita em 2004 pela correspondente Anna Carolina. Ali, resiste uma história recheada de detalhes que merecem ser lembrados:

Alô, alô, Moscouzinho
por Anna Carolina e Vilma Homero
26/10/2004

Em Realengo, na Zona Oeste carioca, um conjunto residencial é, há décadas, conhecido como Moscouzinho. O apelido tem razão de ser. Vários de seus apartamentos serviram de moradia para militantes de esquerda e o lugar foi palco de diversas reuniões clandestinas do Partido Comunista. Por ali passaram Luiz Carlos Prestes, Gregório Bezerra, João Lopes, Thiago de Melo e outros personagens que fizeram história. Tudo isso a cerca de 200m dos quartéis de uma vila militar.

O conjunto ocupa dois quarteirões. É formado por dois prédios, com 57 apartamentos de sala e quarto, e mais um punhado de casas – construções que foram erguidas em 1941, pelo Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários (IAPI).

O apelido, segundo Rubens Antônio da Silva, morador antigo, foi colocado pelos próprios militares. “Como o conjunto virou um ponto de concentração de comunistas, eles apelidaram o local fazendo referência a Moscou”, explica Rubens. Aos 69 anos, ele é presidente da Associação dos Inativos da Indústria, criada em 1950 e que até hoje funciona no local. “Em várias épocas, a associação abrigou reuniões do PCB”, lembra.

Leia a reportagem na íntegra.

 

 

 

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