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Bailarinos da Maré estreiam na França

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Fotos: arquivo pessoal dos alunos da ELDM
Treze jovens alunos do Núcleo 2 da Escola Livre de Dança da Maré (ELDM), moradores do Complexo da Maré, passaram 10 dias, de 28 de novembro a 08 de dezembro, na cidade de Vitry, na França. O intercâmbio foi realizado com o Teatro Jean-Vilar e os bailarinos da Escola Municipal Artística de Vitry-sur-Seine. Além destes 10 dias de intensas trocas e aprendizado, os alunos da ELDM ainda tiveram a oportunidade de apresentar “Exercício m, de movimento e de maré”, coreografia criada durante a sua formação e encenada 18 vezes no Brasil, em diferentes locais.

A instituição francesa já tinha um histórico de troca e parceria com a Cia. Lia Rodrigues de Danças, também na Maré, criando um território artístico comum entre as duas periferias (Vitry fica ao lado de Paris). O intercâmbio une jovens, artistas, atores culturais, ativistas e produtores de arte em torno de objetivos comuns.
Ingrid Castro, aluna da ELDM, espantou-se com Vitry que, apesar de ser considerada uma cidade periférica, não tem nenhuma semelhança com os subúrbios do Rio de Janeiro. “Deu até vontade de rir quando disseram que aquele espaço era uma favela. A favela de lá é melhor que a Zona Sul daqui, só o nome é periferia, é tudo muito limpo, organizado. Isso chamou a atenção. E o transporte funciona”. Sua colega Thaina Farias, também aluna da ELDM, concorda. “Nós comentamos com os franceses sobre Vitry não parecer com uma favela, mas eles justificaram dizendo que lá tem um índice de violência mais elevado do que em Paris, por exemplo. Mas nós não vimos isso, talvez seja um assalto por mês. Outra coisa que nós reparamos é que tinha muito grafite pelas ruas. Paris também tem, mas em Vitry tem muito mais e melhores”, comenta.
Para Maíra Gabriel, coordenadora do Centro de Artes da Maré e da ELDM, a viagem deu a possibilidade aos alunos de entenderem o tamanho do projeto do qual estão participando e a responsabilidade de cada um para além de suas trajetórias individuais.
Agora, o grupo da França quer fazer um intercambio na Maré. “Nós já falamos que aqui faz 40 °C e eles disseram que não tem problema”, brinca Thaina. Também, de acordo com a aluna, a língua não foi um obstáculo. “Tinha hora que a gente falava português, espanhol, inglês, francês, mímica”.
Maíra explica que a vinda dos alunos da escola de Vitry depende principalmente de financiamento. “Por enquanto estamos pensando em como continuar este intercâmbio à distância, criando uma plataforma onde os processos criativos, recursos, materiais, ensaios, ideias, metodologia que acontecerão paralelamente nestes dois espaços possam ser compartilhados entre os alunos e as equipes destes dois projetos”.
Pensar no futuro
A viagem permitiu aos alunos entrever a possibilidade de uma profissionalização dentro da dança. Ingrid, que é de Belém, no Pará, e trabalhava como vendedora em um shopping, diz que nunca pensou em dançar e que agora quer investir, estudar e trabalhar com dança. “A viagem foi enriquecedora para todos. Ajudou a ampliar a visão de mundo e ainda tem tanta coisa para conhecer, tanta cultura, tanta troca a fazer. A dança tem um poder de transformar a realidade das pessoas sim, e transformou a nossa”.
Thaina também ficou impressionada com a apresentação do balé em uma escola municipal da cidade. “A escola tinha um teatro dentro. Lá, as crianças estudam e fazem aula de dança. Eles vêem a dança realmente como mercado de trabalho profissional valorizado. Aqui no Brasil para você ser valorizado como profissional tem que ter diplomas de fora do país. Tem que fazer curso na Suíça, França, Londres. O Brasil precisa de coisas que funcionem. A gente sabe que tem um espaço em Vitry para estudar, mas estamos no Brasil e queremos estudar aqui”.
Nos dias 18 e 19 de dezembro, um coreógrafo francês dará uma oficina para os alunos do Núcleo 2. Em seguida, os alunos estarão de férias até o dia 13 de janeiro. A ELDM vai retomar suas atividades neste dia com novos horários e novas oficinas para a comunidade.
Assista ao vídeoreportagem da apresentação

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