Tempestade afeta moradores do Alemão

Mais de seis mil pessoas abandonaram suas casas nesta quarta-feira, devido ao forte temporal que se abateu na madrugada de terça-feira no Rio de Janeiro. Quando as águas baixaram, pôde-se dimensionar o rastro de destruição deixado em todas as regiões do estado. Para muitas famílias, a reação foi de tristeza ao se deparar de manhã com os prejuízos trazidos pela enchente. Ainda restam 3 500 desabrigados no estado.
No Complexo do Alemão, cerca de 500 pessoas estão desalojadas desde o temporal. Enquanto a ajuda do poder público não chega, a Associação de moradores da Comunidade das Palmeiras organizou os primeiros socorros, junto com a vizinhança. Segundo o vice-presidente da associação, Galileu Vieira da Cruz, 47, sempre que começam as chuvas, surge a preocupação com as famílias que moram em áreas de difícil acesso. Galileu retrata que por volta das 2 horas da manhã, quando a sirene instalada na comunidade tocou, ele correu para a associação a fim de receber as primeiras famílias que vinham em busca de um local seguro.
“Os moradores do Complexo são muito unidos e estão sendo solidários, ajudando uns aos outros. Na hora de dormir, eles arrumam o local, e quando acordam, alguns vão trabalhar e quem fica ajuda para distribuir café da manha, almoço e jantar” relata Galileu. Na biblioteca do bairro, onde está prevista a instalação da futura Biblioteca Parque do Alemão, estão abrigadas 65 famílias, dormindo em colchões doados.

Carla Roberta de Souza, 40, ficou desabrigada com os quatro filhos, a neta recém-nascida de apenas um mês, e a prima com mais dois filhos. “Minha casa foi construída com tanto sacrifício e agora não temos onde morar, não sei o que vai ser do nosso final de ano”, lamenta, muito emocionada.
Um drama anunciado
Jaciara Salles, 20, também perdeu a casa onde morava com 6 pessoas, sendo 2 crianças. “Pensei que ia perder toda minha família”. A casa de sua irmã, logo acima da sua, também desabou. Segundo Jaciara, a Defesa Civil já havia visitado a área e interditado sua casa. Mas na ausência de uma proposta de realojamento, e no aguardo do prometido aluguel social, ela não teve outra solução do que permanecer no local, sob o aviso de evacuá-lo quando a sirene tocasse.

Na Vila Olímpica, cerca de 30 voluntários do jornal Voz da Comunidade estão fazendo o trabalho de arrecadação de alimentos e roupas para ajudar a comunidade. Camila Vilas Boas, 16, é voluntária do jornal. “Procuro ocupar meu tempo com as pessoas que precisam de ajuda, corremos atrás das doações, preparamos a comida e servimos aos morados abrigados aqui”.A ONG Educap é dos polos de arrecadação de donativos no Complexo do Alemão.