Rap da Saúde desafia tuberculose no Alemão
Levantamentos do Ministério da Saúde mostraram que, desde março deste ano, o Rio de Janeiro foi o estado com maior incidência de tuberculose no país. Em favelas como as do Complexo do Alemão, onde as condições de vida são mais baixas e a aglomeração de pessoas é alta, a vulnerabilidade à doença é maior. No Alemão, a taxa de incidência da doença foi de 53,5 pessoas a cada 100 mil habitantes em 2012 (o conjunto de favelas conta, segundo estimativa publicada no portal do Governo do Estado, 120 000 habitantes). O dado ainda é parcial, mas dá idéia da gravidade do problema.


Informar para superar o preconceito
A ação dos adolescentes do Rap da Saúde envolve a prevenção a outras doenças que, a exemplo da AIDS ou da diabete, enfraquecem o sistema imunológico, tornando-o mais vulnerável à tuberculose. Os adolescentes distribuem por exemplo preservativos nas comunidades que percorrem, tendo constatado o quanto é alarmante a desinformação sobre doenças sexualmente transmissíveis, inclusive entre os mais jovens. A dificuldade, no entanto, é evitar a confusão entre as doenças e seus modos de transmissão. Segundo o Ministério da Saúde, a tuberculose representa a primeira causa de morte entre pacientes com AIDS no Brasil. O teste anti-HIV tornou-se em consequencia uma prática comum entre os pacientes contaminados pelo bacilo de Koch, gerando medo e preconceito em torno de ambas as doenças.
Lúcia Cabral, presidente da Educap, ressalta o valor deste trabalho de informação realizado pelo RAP da Saúde. “Insisto nesta campanha pois ainda há preconceito das pessoas que adquirem a doença e das que estão próximas delas. Isso faz com que muitas vezes elas não procurem as unidades de saúde”, aponta Lúcia, que já teve que orientar moradores para hospitais próximos, por causa do receio de não terem seu anonimato garantido nas clínicas de saúde da comunidade, e do medo de tornarem-se vítimas do preconceito que ainda envolve a tuberculose.
Carolina Cruz, gerente de ações de controle da tuberculose no Estado do RJ, informou que, atualmente, todos os casos notificados são tratados pelos agentes de saúde, para garantir um melhor acompanhamento. Estes utilizam o modelo DOTS (sigla em inglês para Tratamento Diretamente Observado), com o qual o profissional de saúde monitora cada dose do medicamento tomada pelo paciente, evitando abandono do tratamento quando os sintomas desaparecem.
Os profissionais do Alemão, assim como os de toda rede, estão orientados a esclarecer a população sobre a doença e a identificar os sintomas e promover espaços para discussão visando à redução do abandono do tratamento.
A tuberculose em questão:
Como é feito o tratamento? A agente comunitária de saúde Cláudia Souza explica que quando a doença é detectada, imediatamente o paciente é encaminhado para o médico, que inicia a medicação fornecida pela Clínica da Família. Após iniciar tratamento, o portador da doença deixa de transmiti-la. Todos os componentes da família realizam o exame de escarro.
Como acontece a transmissão da doença? Ela ocorre quando uma pessoa com tuberculose elimina bacilos no ar que são aspirados por outra pessoa. Aquele que se contaminou com os bacilos da tuberculose poderá adoecer ou não, dependendo da quantidade de bacilos aspirados e do seu sistema imunológico – isto quer dizer que nem todos que se contaminam com o bacilo adoecerão. Por isto, as pessoas com sistema de defesa mais fraco são mais vulneráveis – como é o caso de portadores da Aids e de diabetes, e das camadas mais pobres da população, que têm suas defesas enfraquecidas por precárias condições de vida.
Quais são os sintomas da tuberculose? Tosse há mais de 15 dias, cansaço, febre vespertina, sudorese noturna, perda de apetite, hemoptóicos (escarro com estrias de sangue) e hemoptise (escarro de sangue) são algumas dos sinais de contração da doença.
Para mais informações:
Programa de Controle da Tuberculose do Estado do Rio de Janeiro
Tel. 21 2333-3848
Programa de Controle da Tuberculose do Estado do Rio de Janeiro
Tel. 21 2333-3848