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Fallet quer fim da treva na favela

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Light informa que já começou a reformar rede elétrica da favela. (Fotos: Fabiana Rosa Martins)

Light informa que já começou a reformar rede elétrica da favela. (Fotos: Fabiana Rosa Martins)

A pacificação chegou à favela do Fallet, em Santa Teresa, em 2011,  com a promessa de regularizar o fornecimento de energia elétrica no morro, que há anos tem parte de sua população sofrendo com frequentes e longos apagões. Apesar da promessa, o problema persiste. Nos últimos 15 dias, os moradores da área conhecida como Beco Ocidental ficaram às escuras três vezes. No dia 18 de junho, no primeiro dos recentes apagões, a treva se estendeu por 12 horas. Como se fosse pouco, no dia seguinte a energia voltou a faltar e o fornecimento só foi restabelecido três dias depois. Ontem, foram duas horas sem luz: de 17h30 às 19h30.

Nessas ocasiões, a iluminação das ruas, responsabilidade da Rio Luz, também é interrompida. Privados do uso de todos os seus eletrodomésticos e equipamentos, os moradores têm suas rotinas alteradas e repetidas vezes amargam o prejuízo adicional de perder  comida armazenada nas geladeiras.

Mas há quem, como a aposentada Luzia Ângela de Oliveira, 75 anos, diabética, passe por transtornos ainda maiores, como perder o estoque de insulina que recebe do posto de saúde. “Já fui várias vezes ao posto buscar mais medicação e, depois, como estou sem luz, deixo na casa de uma amiga ou da minha filha, para onde vou todos os dias para tomar a insulina. Isso para mim é muito difícil, já que tenho que subir e descer muitas escadas”, reclama.

Em busca de uma solução, o presidente da Associação de Morados dos Amigos do Vale (Amavale-Fallet), Flávio Mazzaro, o Fafá, conta que, desde a pacificação do morro, já esteve três vezes com a coordenadora do projeto Comunidade Eficiente da Light, Fernanda Mayrink, a quem que pediu uma Unidade Móvel da Light, onde os moradores possam esclarecer suas dúvidas. Até hoje não foi atendido.

Fafá, que está pedindo mais uma reunião com a coordenadora, admite, no entanto, que o problema do fornecimento precário de energia na favela não é fácil de resolver. “Como posso exigir da Light o reparo, a maioria dos problemas é causada pelos gatos, que entram em curto-circuito. A primeira coisa que Light vai fazer é cortar os fios e aí, com certeza, virão reclamações de moradores que ficarão sem luz. Assim, a gente entra na Light sem moral para pedir qualquer coisa”, diz o presidente da Amavale-Fallet.

Moradores reclamam de demora

Presidente de associação diz que gatos provocam curto-circuito na rede

Presidente de associação diz que gatos provocam curto-circuito na rede

Pode não ser bem assim. A Light informa que já está trabalhando na rede elétrica do Fallet e que, até o fim do ano, terá normalizado o fornecimento de energia ao morro. A empresa afirma ainda que, amanhã, quarta-feira, enviará uma unidade móvel para prestar serviços e informações para os moradores. Na ocasião, também estará no Fallet o caminhão Planeta Light, que mostra como a energia é gerada e chega até o cliente, além de oferecer dicas de economia no consumo.

Na esperança de ser mais bem atendido, há um grupo de moradores que espera ver instalados em suas casas medidores do consumo. “Se for para ter os postes arrumadinhos e onde reclamar da falta de luz, prefiro pagar a conta de energia. Nos dias em que ficamos sem luz é um transtorno só. Não podemos passar roupa, ver TV, ouvir uma notícia ou ligar uma máquina de lavar roupa”, reclama a empregada doméstica Leila Margareth Siqueira de Souza, 48 anos, moradora da favela há 25. 

Mesmo quem tem o fornecimento de energia legalizado, como a aposentada Grinaldina Moraes Moreira, 77 anos, a dona Naná, reclama. Ela diz sofrer tanto quanto quem não paga luz, pela demora da Light em fazer os reparos na rede da favela: “Apesar de pagar conta de luz, já fiquei até dois dias sem energia por causa de quem não paga. A Light demora muito a vir aqui”.

O presidente da Amavale-Fallet, no entanto, ão acredita que a simples legalização do consumo atenda os moradores da favela. Para ele, os limites de consumo da tarifa social são muito baixos e ultrapassam a  realidade dos mais pobres. “Hoje, pobre tem máquina de lavar roupa, televisão e ar condicionado. Isso não é mais exclusividade de rico e, no fim das contas, a conta da luz vai pesar no bolso. Será como quando eu era  criança: não pagou, fica no escuro. Quantas vezes isto aconteceu lá em casa”, lembra Fafá.

A Light informa que os consumidores inscritos na tarifa social, que oferece desconto de até 65% na tarifa de energia, são automaticamente atendidos pelo projeto Comunidade Eficiente, de promoção da educação para o consumo consciente. O programa realiza reformas em instalações elétricas de residências com risco elétrico, troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes e  substituição de geladeiras antigas por novas, que consomem menos energia. Em comunidades pacificadas, a companhia desenvolve ainda o projeto Light Recicla, que consiste na troca de materiais recicláveis por bônus na conta de energia. Resta aguardar a empresa prestar estes serviços a todos os moradores do Fallet, que, por enquanto, querem apenas um fornecimento estável de energia.

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