Batalhas de dança embalam o Cantagalo
No sábado, dia 18 de outubro, aconteceu no Solar Meninos de Luz, do Cantagalo, uma “ação pocket” do Festival Favela em Dança, para divulgar o festival e valorizar a dança urbana. A primeira edição ocorreu em março de 2013 e a segunda já está marcada para 2015. O Favela em Dança tem como objetivo mesclar hip-hop com o funk carioca e valorizar a cultura nacional, os professores e dançarinos.
Criado pelo diretor geral e de produção do evento, Ronaldo Marinho, e o primo dele, o festival é o primeiro do gênero realizado dentro de uma comunidade no Brasil. O diferencial, segundo Ronaldo, foi juntar o funk às outras modalidades de dança de rua, como forma de conectar o asfalto e a favela. Com o investimento da Agência de Redes para a Juventude, ele e sua equipe conseguiram executar a primeira edição, em 2013.
“Uma das questões para a ‘ação pocket’, de sábado, foi a necessidade de pensarmos em alguma coisa que pudesse ser feita esse ano, para não deixar a marca se perder, apesar do orçamento pequeno. Foram 15 horas de duração e a dimensão que ela ganhou foi bem maior do que imaginávamos”, explicou o diretor.
A “ação pocket” Favela em Dança – Batalhas contou com quatro competições: Passinho, Krump, Hip Hop e Break, além de outras diversas manifestações artísticas. Um dos participantes foi Marcos Paulo, de 21 anos, que soube do festival pelo facebook e se interessou, por ser dançarino de Passinho, estilo que tem suas origens no Morro do Cantagalo, como o próprio Marcos explicou. “Moro em Jacarepaguá e vim para dançar e aprender com todos aqui, que são muito bons. A troca de experiência aqui é o que mais aprecio,” completou.
Leandro Gomes, 23, conhecido como “Esquilo” foi um dos participantes da modalidade Break, um estilo de dança de rua, parte da cultura do Hip-Hop criada por afro-americanos e latinos na década de 1970 em Nova Iorque. O nome dado à pessoa que pratica o Break é B-boy. Leandro acredita que a dança tem a capacidade de tirar a atenção dos jovens das coisas erradas e inseri-los em uma cultura saudável. De acordo com o B-boy, só há guerra ali dentro, na batalha de dança, depois todos são amigos. A importância, segundo o participante, é conscientizar as pessoas que nem tudo é tráfico na favela, há muito mais a oferecer.
Lúcio Pedra, também B- boy e morador do Cantagalo, foi jurado da Batalha de Break. Segundo ele, o nível da competição foi altíssimo e os 13 competidores de Break disputaram as oito vagas para a seletiva, que foi muito acirrada. Depois, na fase eliminatória, dois B-boys foram para a grande final no palco do Favela em Dança. “Desta vez, fui eu que tremi. Estava claro que cada um dos B-boys daria o seu melhor e os finalistas seriam os que errassem menos. A final foi disputada por UNI e Kappa e o campeão foi o B-boy Kappa”, informou o jurado.
O evento, no entanto, não foi feito só de batalhas. Segundo Lúcio, os shows dos grupos de dança marcaram a noite e criaram uma atmosfera harmônica e prazerosa, onde o verdadeiro sentindo da dança foi mostrado: fazer aquilo que se ama com satisfação e alegria. “Muitos saíram do asfalto e subiram a favela para celebrar, dançar e confraternizar. Essa integração mostrou que é possível estarmos no mesmo espaço aprendendo, motivando, e apreciando um o trabalho do outro. Vida longa à favela. Vida longa à dança. Vida longa ao Favela em Dança”, complementou.