14º Fala, Comunidade! promove a saúde e defende transparência contra preconceito
O Hotel Novo Mundo, no Flamengo, Zona Sul do Rio, sediou, nos dias 16 e 17 de setembro, a 14ª edição do Fala, Comunidade! Organizado pelo Centro de Promoção da Saúde (CEDAPS), o evento teve como objetivos discutir e aprofundar aspectos relativos à epidemia de Aids e Tuberculose; e promover o intercâmbio de estratégias, tecnologias e práticas de prevenção e promoção de saúde com foco em periferias e favelas. O Viva Favela acompanhou os debates.
O painel “Aids e Deficiência” – com Sergio Meresman, coordenador de projetos do Instituto Iberoamericano de Desenvolvimento Inclusivo do Uruguai; Cida Lemos, do movimento Nacional de Cidadãs Positivas; e Neide Aparecida Souza, coordenadora municipal dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência de Mesquita – RJ – mereceu destaque. Os dois assuntos ainda são pouco mencionados nas agendas dos municípios do Rio de Janeiro e do Estado. A mesa resgatou a trajetória de atuação no tema pelo movimento Fala, Comunidade! e abordou o que pode ser feito quanto à prevenção de doenças, com base em uma construção compartilhada após o relato das experiências individuais pelo público presente.
Também participaram desta troca de informações as lideranças das favelas, que têm um olhar na prevenção de saúde, os jovens e idosos, que atuam juntos no planejamento de uma agenda colaborativa de mobilização comunitária frente às DST/AIDS e Tuberculose, com ênfase em desafios atuais.
Direitos garantidos
A coordenadora municipal dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência de Mesquita, Neide Aparecida, contou um pouco de sua experiência na luta pela garantia de direitos: “Trabalho na Prefeitura de Mesquita desde 2005, dentro da secretaria de Direitos Humanos, e ainda ouço casos graves de pessoas com deficiência, vítimas de estupro e outras barbaridades. A doença não tem endereço. Sempre conversei com os pais e as mães desses jovens que acompanho. Mas é preciso termos olhares bem atentos”, alertou. “Agora vocês são multiplicadores do que ouviram e aprenderam aqui. Somos nós que escrevemos a nossa história e ajudamos os que precisam a escrever a deles…”, disse ela.
Deficiente visual, Cida Lemos provocou os participantes: “Onde estão as pessoas com deficiência? É importante que eles estejam presentes. Desde 2012 estou nesta luta e sempre pergunto isso. Mesmo que falem aqui por nós, não devemos ser somente representados. Precisamos participar de todo o processo. Infelizmente fala-se muito de deficiência, mas age-se pouco”, opinou a militante.
Durante o evento, foi apresentado um novo sistema que será implementado em 2015 e facilitará o acompanhamento de ações com mais transparência. O projeto, aprovado por edital do governo federal, chama-se “Mobilização frente à tuberculose e co-infecções em favelas e periferias de centros urbanos brasileiros”. Com a ajuda de um software, os líderes comunitários poderão acompanhar a tramitação específica sobre temas mais relevantes na área de saúde, o que pode aumentar a mobilização comunitária.
O evento foi encerrado com a divulgação do mapa de estratégias comunitárias e a apresentação de esquetes produzidas pelo Rap da Saúde – Pólo Jacarezinho, e pela Comissão de Cultura da Rede de Comunidades Saudáveis.