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A I Feira Literária da Vila Kennedy (FLIVK)

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Em 2014 a Vila Kennedy completará 50 anos e durante todo esse tempo a luta pela busca de melhorias para a vida dos moradores tem sido feita principalmente pelos próprios.


Em 2014 a Vila Kennedy completará 50 anos e durante todo esse tempo a luta pela busca de melhorias para a vida dos moradores tem sido feita principalmente pelos próprios. Grupos de teatro, de dança, escola de samba, times de futebol e muitos outros foram criados para a diversão e entretenimento de quem mora aqui, em bairros vizinhos ou que simplesmente vem nos visitar.

Aqui vamos mostrar um trabalho que tem como principal objetivo o bem comum dos moradores da VK e este trabalho se confunde com a história de sua principal idealizadora, “desde minha infância, lembro-me de meu pai, sempre me dando livros, desde muito menina, livros de vários assuntos. Meu pai sempre fez questão que eu lesse sobre os assuntos mais variados e isto pra mim foi muito bom, poder conhecer e aprender muitas coisas, até definir o que eu queria ser na vida” contou Mara Fonseca.

A cerca de 10 anos ela estava reunida com amigos que possuem a mesma paixão e decidiu por organizar esse sentimento e pôs as mãos à obra. Na verdade, a idéia foi sugerida por alguém muito especial na vida dela, “a idéia surgiu numa roda de conversa, entre eu e dois amigos em minha casa em 2003. Meu pai vendo nesse grupo de amigos, composto por pessoas como Luciano e Willian, muitas coisas em comum e especialmente a paixão do grupo pelos livros, sugeriu que juntos criássemos uma Biblioteca Comunitária em nossa comunidade”, nos contou Mara Fonseca, Educadora e Escritora, lembrando com muito carinho a presença do pai no momento da origem da idéia que até hoje motiva a vida desta moradora aqui da Vila Kennedy.

A idéia havia sido lançada e prontamente começou a concretizar, mas para isso foi preciso definir uma maneira de como iniciar aquele trabalho comunitário, “a idéia em cada um de nós foi se solidificando e um dia pensamos em fazer um prospecto para ver o que aconteceria e no folheto assim dizia: Morador, você gostaria de ter uma Biblioteca em seu bairro? Não conseguimos fazer muitos panfletos” recorda Mara, que ao longo do tempo tem procurado se especializar para tocar um trabalho tão importante para ela e já fez diversos cursos de contadora de histórias, “fiz curso normal para trabalhar com educação e além disso fiz várias oficinas no Parque Lage”.

Então Mara, qual foi a reação da comunidade depois que a idéia da criação da biblioteca tornou-se pública? “Houve um alarde compensador, todos queriam saber de onde era, quem éramos, e assim as doações foram chegando, chegando e cada vez mais, começamos a dividir, uma parte dos livros com cada um de nós, nossas casas já não cabiam mais guardá-los…” E como vocês fizeram para guardar esses livros Mara? “Primeiro guardamos a maior parte dos livros em minha casa, começamos a armazenar os primeiros materiais doados, jornais, revistas, fotos, objetos e livros, livros e mais livros foram chegando. Acabamos iniciando outras atividades aqui em minha casa, como nossas primeiras reuniões para divulgar o nosso trabalho e convidar outros amigos para participarem também. Em minha casa, moramos eu, meus filhos, minha gatinha e os meus livros foram ganhando mais espaço do que nós. No começo fico meio louco por aqui, todos transitando pela casa com um monte de livros, por aqui sempre tem um livro em algum canto e com o tempo mergulhamos todos juntos nessa minha caminhada literária. Depois tivemos que sair a procura de um espaço. Chegamos assim na antiga Associação das Mulheres do Quafá, que foi o primeiro espaço cedido em nossa comunidade e ali inauguramos a Biblioteca Comunitária Carlos Lacerda,” o nome escolhido pelo grupo foi em homenagem ao Governador Carlos Lacerda, que teve grande importância no início da história da Vila Kennedy. “Fizemos um almoço e ainda houve um agradável debate com a presença ilustre do Sr. Evandro da Biblioteca Comunitária Tobias Barreto da Vila Penha que nos doou na época muitos livros seus, ajudando-nos assim no começo de nosso trabalho.”

Apesar da criação da biblioteca, aquela primeira sede não foi permanente. O local abrigou o trabalho por quase 5 anos e depois a Biblioteca funcionou em mais dois espaços, mas segundo Mara, “as coisas foram ficando difíceis para arrumar um espaço para abrigar todo o nosso material”. Mas o que foi feito então? “Em 2010 resolvemos lacrar os livros, até resolver o que faríamos. Depois de eventos, oficinas, exposições, alugamos um espaço e outro nos foi cedido, somente para armazenar o acervo.”

Mesmo com as dificuldades que surgiram e ainda tem surgido, a turma da Biblioteca Comunitária Carlos Lacerda não desanima e continua trabalhando para organizar da melhor maneira possível este trabalho, conforme revela Mara Fonseca, “em 2012 conseguimos nosso registro pela Biblioteca Nacional e pelo SEB – Sistema Estadual de Bibliotecas somos a Primeira Biblioteca Comunitária da Zona Oeste/ em Vila Kennedy.”

Mara diz que “está sempre lendo alguma coisa. Não sei ao certo quantos livros já li, mas posso citar os que mais foram importantes pra mim ao longo da minha vida, Confissões de um vira lata, de Orígenes Lessa, A marca de uma lágrima, de Pedro Bandeira e Beco do Deus me livre, de Luiz Puntel. Gosto principalmente das obras Castro Alves, Clarice Lispector e Caio Abreu”. O trabalho para a manutenção da Biblioteca Comunitária Carlos Lacerda é constante, afinal de contas certamente não é fácil manter e organizar cerca de 8000 livros do acervo literário do trabalho comunitário composto por livros clássicos como obras de Fagundes Varella (3 livros sobre sua vida, obra e morte, contada em 3 volumes) e de Dom Casmurro (em 4 edições diferentes) e ainda livros em francês, espanhol, alemão, inglês.

No último sábado deste mês de julho, no dia 27, a partir das 10h, na Praça Dolomitas, acontece um evento para divulgar o trabalho da biblioteca, “depois de todos esses anos, resolvemos fazer a nossa FLIVK, a I Feira Literária da Vila Kennedy. O nosso maior objetivo é apresentar a comunidade e convidados a importância da Cultura Local e a biblioteca faz parte deste objetivo direto. Serão vendidos livros a preços populares e a renda desta feira será usada para compramos uma copiadora para criar e veicular um boletim informativo cultural”, contou Mara, que atualmente tem o apoio direto de dois grandes amigos, Luciano e Jomard, que com ela divide a paixão pelos livros. A FLIVK tem ainda o apoio de comerciantes locais que ajudaram na confecção de camisas e adesivos que serão vendidos no evento e os cerca de 500 livros (universitários, concurso, didáticos e infantis entre outros) serão vendidos a partir de R$1,00. Finalizando esta matéria, a mensagem de Mara Fonseca, “peço a quem se interessar por nossa luta e historia que venha nos procurar e se puderem desde já lhes convido para estar presente em nossa FLIVK. Todos nós sabemos que esta nossa comunidade, precisa ter um lugar permanente para abrigar sua luta, sua história e com persistência nós vamos conseguir. Quem quiser colaborar conosco pode chegar a VK e a FLIVK que será muito bem vindo.”

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