Em Santos, moradores de cortiços fazem história
Desde 1996, associação de moradores aposta na intensa participação da população. Comunidade conquistou terrenos para construir seus próprios prédios, que moradores ajudam a erguer.
O documentário “Mudar sem mudar”, de Junior Castro e Fábio Oliveira, conta uma história que vale muito à pena ser conhecida. Ao longo do tempo, a região portuária de Santos, que já foi moradia para famílias ricas, deu lugar a famílias pobres que transformaram construções antigas em cortiços. Em meio a duras condições de vida, um destino incomum: a comunidade se tornou, nas palavras do historiador Cadu de Castro, um exemplo de cidadania nunca visto.
A luta se iniciou em 1996 com a criação da Associação dos Cortiços do Centro de Santos (ACC), capitaneada pela venerada Samara Margareth Conceição Faustino, e culminou em uma de suas maiores conquistas: a doação, por parte da União, de um terreno no Centro de Santos onde moradores fazem mutirões diários para ajudar na construção de dois conjuntos de apartamentos, Vanguarda 1 e Vanguarda 2. Os moradores cumprem a função de ajudantes de pedreiro em obras que têm verba do programa federal Minha Casa Minha Vida. O Vanguarda 1, o primeiro a ficar pronto, deve ser inaugurado neste ano.
A ACC, que preza pela gestão participativa, moldou os prédios da forma que os moradores queriam: eles terão piscina, salões de festa, biblioteca e apartamentos de até três quartos. Na história de vida, a comunidade conquistou ainda vários prêmios, uma padaria e uma grife de artesanato comunitárias. Aperta o play!