Pingue-pongue com o editor
A dois dias da Reunião Virtual (que acontece dia 30, às 17h), batemos um papo com o Editor Convidado, Agostinho Vieira, sobre o tema da Revista Multimídia #18: Saneamento Básico.
A dois dias da Reunião Virtual (que acontece dia 30, às 17h), batemos um papo com o Editor Convidado, Agostinho Vieira, sobre o tema da Revista Multimídia #18: Saneamento Básico.
Viva Favela: É possível falar em sustentabilidade nas favelas, onde direitos básicos como saúde e educação não fazem parte da realidade?
Agostinho Vieira: É um erro comum das pessoas acharem que a sustentabilidade é ficar cuidando de animalzinho e plantinhas. A sustentabilidade envolve justamente questões como a educação e outros direitos. Poucos lugares precisam tanto de sustentabilidade quanto as favelas. Uma criança que vive em um lugar sem saneamento necessariamente terá sua deficiências de aprendizado – a vida está comprometida, e isso é cruel, pois esta pessoa já começa perdendo. Para mim, o saneamento é o tema mais importante no Brasil hoje.
Viva Favela: Por que não tem sido investido o total previsto pelo Plano Nacional de Saneamento Ambiental (que propõe a universalização do saneamento básico, com investimento de R$420 bilhões)? Por vontade política, má gestão, ou uma combinação dos dois?
Agostinho Vieira: Acredito que por uma combinação dos dois. É um avanço que a lei proponha a universalização do saneamento, mas não adianta se ela não for cumprida. A questão é o que o Brasil nunca deu bola para o saneamento, pois obra debaixo da terra não dá voto. Houve algum investimento na Ditadura Militar e nos últimos dez anos, mas de forma insuficiente. Por nunca ter tido a atenção necessária, falta conhecimento para aplicar as mudanças necessárias no saneamento.
Viva Favela: Falta conhecimento aonde? Nas universidades, por exemplo?
Agostinho Vieira: Não, na Academia há sim conhecimento sobre isso. Falta know how, por exemplo, nas prefeituras e governos estaduais na hora de redigir um contrato, uma licitação para obras de saneamento.
Viva Favela: Qual é a importância da população na adesão ao tema?
Agostinho Vieira: É muito importante. Muitas pessoas, nos condomínios da Barra da Tijuca, por exemplo, não sabem que o esgoto é despejado em lagoas. As pessoas acham que basta apertar a descarga que a partir daí, todos os problemas estão resolvidos. É preciso uma conscientização maior. Eu diria que um bairro, uma cidade ou um país sem saneamento é como um time de futebol entrando em campo sem roupa e chuteira: não tem como o país se desenvolver em outras áreas se este problema não estiver resolvido.
Viva Favela: O que a palavra Saneamento envolve, além do esgoto?
Agostinho Vieira: É muito comum que as pessoas pensem que saneamento se refere somente ao esgoto. Ele envolve também o fornecimento e recolhimento de água (potável e não potável) e do lixo, além da saúde das pessoas, que está diretamente relacionada a todos esses aspectos.