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Associação de Surf da Rocinha une sonhos e força de vontade

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Inspirada na Associação de Surf do Cantagalo, a Associação de Surf da Rocinha foi fundada em dezembro de 2012.


Inspirada na Associação de Surf do Cantagalo, a Associação de Surf da Rocinha foi fundada em dezembro de 2012. A vontade de criar a entidade na favela não faltava, mas os caminhos para realizar o projeto eram desconhecidos e distantes para os jovens de lá. Foi então que um grupo de 11 moradores, amantes e praticantes o surf, com a colaboração dos amigos do Cantagalo que incentivaram e ajudaram no caminho burocrático, conseguiram regularizar a Associação de Surf da Rocinha.

Fotos: William de OliveiraSegundo os diretores, hoje a Associação de Surf da Rocinha é a primeira e a única associação da favela registrada e reconhecida, tendo se tornado uma referência de organização. De acordo com o vice-presidente da entidade Alexandre Santos, no início eles não tinham dinheiro para nada: “nem para legalizar a Associação”. Com a união e a força de vontade dos idealizadores, conseguiram regularizar, tirar CNPJ, estatuto, ata e ter tudo certinho para expandirem o trabalho na comunidade.

“Infelizmente nós perdemos muito tempo. Hoje há um buraco dos moradores da Rocinha na praia. Falta acesso, incentivo ao esporte e à qualidade de vida”, contou o vice-presidente da Associação. Para Alexandre, o surf já foi uma referência de esporte na favela, quando tiveram campeões. Agora, o trabalho deles é de retomada dessa história. Em entrevista cedida ao Viva Favela, os diretores da entidade contaram que seu maior sonho é mudar a vida das pessoas através a prática do surf.

Hoje, a Associação de Surf da Rocinha tem cerca de 50 alunos, entre crianças, adolescentes, e até adultos, embora o foco seja nos jovens moradores da favela e das proximidades. A idade mínima para iniciar no surf é quando a criança aprende a andar, como foi o caso dos filhos dos diretores. As aulas, gratuitas, acontecem 2ª e 4ª, das 8h às 10h e das 15h às 17h, no Cantão de São Conrado. O ponto de encontro é na sede da Associação, na Estrada da Gávea, 580, e de lá os professores vão andando com os alunos para a praia.

Quando chove, as aulas acontecem na sede da Associação, que fica na casa de um dos diretores. Nesses dias, as aulas são voltadas para as artes plásticas: os alunos produzem mini pranchas artesanais. Às vezes, quando há um tempo livre, os diretores também levam suas turmas para realizar alguma atividade interessante, como assistir a uma peça de teatro, sempre arcando com os custos.

Reinserção social pelo surf

Estar na escola já foi um dos critérios para se matricular nas aulas de surf. Segundo os diretores, muitos que não estudavam passaram a estudar com o incentivo deles. Hoje, porém, isso não é mais uma condição para poder participar das aulas. “Não queremos excluir os que não estão na escola porque têm que trabalhar, por exemplo”, explicou Alexandre.

Ainda segundo os diretores, a Associação resgatou muitos jovens. Resgataram também pessoas que estavam envolvidas com drogas. Para Alexandre, o surf proporciona outra qualidade de vida para as pessoas. E isso fica evidente pela aparência dos diretores da Associação. Márcio tem 39, Alexandre 40 e Fernando 42. As aparências, porém, são de bem menos. Todos são bronzeados e procuram andar de bicicleta e dar um mergulho logo cedo, para começarem bem o dia.

Uma das maiores dificuldades da Associação é relativa à falta de apoio financeiro. “O surf é um esporte caro, as pranchas e os equipamentos são caros, então quem não tem dinheiro não consegue comprar. Esse é um esporte restrito”, contou o presidente Márcio Pereira. Eles começaram com apenas uma prancha disponível: “a gente improvisava e fazia um bom trabalho”, lembrou Alexandre. Em maio desse ano, após o Campeonato Mundial que ocorreu na Barra, conseguiram com parceiros estruturar a Associação. Receberam doações de algumas pranchas, barraca e equipamentos.

Embora dar aula de surf seja a atividade principal e a que eles mais gostam, todos têm outras ocupações como forma de sustento. Márcio e Fábio Pereira são mototáxistas, Alexandre é prestador de serviços, Nando Dias, é fotógrafo e Carlos Belo dá aula particular de surf. E é assim que eles conseguem manter a sede, as aulas e oficinas da associação.

No dia 9 de Novembro, sábado, 8 horas, ocorrerá a segunda edição do Cantão em Ação, organizado pela Associação de Surf da Rocinha, na praia do Cantão, em São Conrado. O objetivo da Ação é conscientizar as pessoas sobre o lixo na praia, promovendo uma grande coleta de lixo com os alunos, acompanhada da aula de surf.

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