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Revista Desenrolo incentiva a cultura na Baixada

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Durante muito tempo a Baixada Fluminense, RJ, foi identificada pelas pessoas como uma região violenta e precária, em consequência das coberturas feitas pela grande mídia, em especial a televisão. Como se esse fosse o todo da informação. Por isso, um pequeno número de veículos alternativos luta diariamente para promover essa região, buscando a veracidade das informações e mostrando de forma peculiar a cultural local.
 
A Baixada, com seus 12 municípios inseridos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ganha a partir de 2015 uma nova opção de leitura: a Desenrolo, uma revista cultural que está chegando para alimentar uma plataforma totalmente juvenil na internet. A editora é a historiadora e pesquisadora do Núcleo de Estudos Contemporâneos (NEC) da Universidade Federal Fluminense (UFF), Aline Rochedo, 33 anos. Com as parcerias do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), da organização Se Essa Rua Fosse Minha (SER) e do Comitê Internacional para o Desenvolvimento dos Povos (CISP), a Desenrolo inicia seus trabalhos com uma proposta bastante desafiadora.

A linha editorial é inovadora e assume a característica de um jornalismo literário, centrado na identidade cultural da juventude fluminense. O mapeamento cultural da Baixada e o diálogo constante com os jovens correspondentes ajudam a manter a principal ação do projeto, que terá a revista e um site. Antes do lançamento, já foram realizadas algumas reuniões de pauta no Complexo Cultural Kennedy Jaime, uma biblioteca localizada em São João de Meriti. A coordenação geral da Desenrolo será dividida por César Marques (SER), Itamar Silva (Ibase) e Vittorio Chimienti (Cisp). E a equipe de trabalho será coordenada pela editora Aline Rochedo e os mobilizadores culturais Silvia Cristina, Alan Alves e Delmar Cavalcanti.
 
Em uma plataforma colaborativa, sempre existe aquele dilema de disponibilidade de horários, comprometimento e tudo mais… Mas para o mobilizador cultural e morador da cidade de Mesquita, Alan Alves, mais conhecido como Coruja, o que mais chamou a sua atenção foi a força de vontade coletiva: “Nas reuniões, o público sente vontade de ir e participar. Esta ideia de colaboração é realmente fantástica. Eu acredito que tendo um canal de comunicação, diferente como esse, divulgaremos também o trabalho dos artistas da Baixada. Isso é o que realmente precisamos para mostrar que existem pessoas que fazem um trabalho sério por aqui e não são muito valorizadas”, diz o jovem de 28 anos, estudante de Psicologia.
 
A cultura como instrumento de diálogo
 
A Baixada Fluminense tem cerca de 3,6 milhões de habitantes, em um espaço aproximado de 4 mil Km², segundo dados do Censo 2010 (IBGE). Com alta densidade demográfica, este conjunto de municípios reúne 23% da população do estado. A concentração de habitantes contrasta com o reduzido número de equipamentos culturais e a ausência de políticas voltadas para este segmento, criando um cenário desfavorável para a promoção da cidadania e o incentivo às manifestações artísticas e às possibilidades de lazer de seus moradores. Foi a partir desse levantamento que surgiu a ideia de fazer o mapeamento cultural da Baixada Fluminense.
 
O Mapeamento dos Grupos Criativos da Baixada Fluminense, projeto realizado entre maio de 2013 e maio de 2014, pelo Programa Brasil Próximo, inspirou a criação da Revista Desenrolo. Utilizando instrumentos e práticas metodológicas diversas, o projeto realizou um amplo levantamento e contou com a participação atuante de estudantes, artistas, gestores públicos e militantes da área cultural, entre outros agentes, que propiciaram diferentes visões e experiências em todos os processos e as etapas de sua realização.
 
Enquanto a revista não é publicada o grupo já atua com uma fanpage no Facebook, divulgando eventos e ampliando o diálogo com as regiões mais distantes, como Seropédica e Magé. Não existem critérios fechados para participar da revista, como explica Aline:
 
“O interesse com que as pessoas nos procuram querendo colaborar e se aproximar do nosso grupo passa a ser o fator determinante. Quanto mais uma pessoa participa e assume tarefas, além da produção de textos, mais ela participa do processo de tomada de decisões nas reuniões de pauta que acontecem periodicamente. Tal procedimento estabelece um relacionamento de identidade recíproco, possibilitando a troca de experiências e as várias linguagens artísticas da Baixada Fluminense”, explica a editora.

 

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