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Cenário de Capão é lixo, entulho e esgoto

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Fotos: Demerson Couto
A Vila do Capão, uma das comunidades do Complexo do Alemão, poderia ser chamada também de “Vila dos Esquecidos”. No entorno da localidade, entulho das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) se junta a esgoto a céu aberto e montanhas de lixo. “Com a construção do teleférico, o Complexo ganhou uma nova vida para quem olha de fora. Mas, para nós, todas estas obras deixaram muitos rastros e antigos problemas, como inundações, continuam”, resume a moradora Alexandrina Brito, de 85 anos, que evita sair pelos becos cheios de lodo.
Segundo moradores da Rua da Assembleia, por alguns considerada parte do Capão, já faz dois anos que entulhos das obras do PAC se acumulam por ali. De acordo com a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), o material é resultado de demolições realizadas na primeira fase do PAC (iniciada em 2008), que será retirado nas “obras de complementação do PAC 1”.
Porém, outro problema, que poderia ser evitado, se junta ao entulho: lixo.  Os terrenos parcialmente abandonados pelo PAC passaram a ser lugar de despejo de resíduos para os moradores. De acordo com a Comlurb, a responsabilidade da limpeza destes locais é dos responsáveis pela obra (logo, a Emop). Mas, em nota, a companhia lembra que a conscientização dos moradores na conduta de descarte de lixo é um problema antigo.

Moradores, no entanto, apontam deficiências no serviço prestado pelo poder público. Eles dizem que não têm lugares específicos para jogar o lixo e, por isso, acabam muitas vezes recorrendo à queima dos dejetos. A Comlurb, no entanto, afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que existe, no Capão, uma base de compactação de resíduos
onde os moradores devem deixar o lixo. A companhia afirmou ainda que está programando uma campanha de conscientização para que moradores descartem lixo no lugar correto.
Outro problema de saneamento dificulta a vida ali: o esgoto. Já idosa, a moradora Alexandrina Marcolino Brito, 85, teme sair de casa, pois o lodo que surge por conta do esgoto parado é um risco para suas pernas, já não tão firmes quanto antigamente. Maria José de Brito, de 54 anos, afirma que muitos acidentes já aconteceram ali por causa do lodo. Junto com o lixo acumulado, o esgoto parado atrai mosquitos e ratos, que frequentemente invadem as casas dos moradores.
Histórico do esquecimento

De acordo com Lúcia Cabral, moradora do Complexo e coordenadora da ONG Educap, líderes comunitários começaram a improvisar redes de luz elétrica e esgoto nos anos 70 e 80. O governo não entrava nas favelas. As primeiras canalizações eram feitas com manilhas de barro e geravam muitos problemas. Somente com o PAC, algumas regiões passaram a contar com redes públicas de recolhimento de esgoto.
O recolhimento de lixo também era, inicialmente, promovido pelos moradores. Segundo Lúcia, no final da década de 80, passaram a existir os “garis comunitários” no Alemão. Estes, pagos pelas associações de moradores, acabavam fazendo a queima dos resíduos.

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