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Violência cresce em Rio Bonito

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Foto: Marllon LopesEla está no Mapa da Violência, nos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) e na percepção da população. A insegurança se tornou, nos últimos anos, parte da rotina do município de Rio Bonito, que abriga 56 mil pessoas. Segundo dados do ISP, de janeiro de 2010 a outubro de 2013, houve aumento de 50% nas ocorrências da 119ª DP – única delegacia da cidade. O Mapa da Violência, por sua vez, mostrou que o número de homicídios na cidade aumentou de dois, em 2009, para 10 em 2011. Moradores atribuem a tendência, em grande parte, à suposta fuga de criminosos da capital fluminense por conta da instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) em algumas comunidades.

A sensação de insegurança tem feito com que estabelecimentos comerciais fechem cada vez mais cedo e que alguns moradores evitem freqüentar alguns bairros durante a noite. “Nunca convivi com essa realidade e temo pelos meus três filhos. Sempre tivemos uma vida simples aqui no bairro, as crianças saíam à noite para brincar, mas de alguns anos pra cá, isso está se tornando cada vez mais difícil. O medo vem dos dois lados, tanto dos desconhecidos que agora habitam nosso bairro, quando dos policiais, que a gente nunca sabe a que vieram”, contou uma moradora do bairro do Boqueirão que preferiu não se identificar.

De acordo com um policial e morador de Rio Bonito, a percepção da PM na região também é que os criminosos vieram de fora. “Nós estamos vendo uma migração de criminosos para a nossa localidade. Principalmente depois da ocupação do Complexo da Reta, em Itaboraí, fizemos apreensões de pessoas que não são do município”, destacou um policial, lembrando da importância das denúncias por parte de moradores.

A migração para Rio Bonito pode não ter como único motivo a fuga das UPPs. Para a jornalista Joana Louzada, parte do aumento da criminalidade pode ser atribuído à migração de pessoas atraídas por empregos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) – talvez o maior empreendimento da Petrobrás no país, com área de 45km² e previsão de inauguração em 2016. “A cidade começou a crescer criminalmente por causa da proximidade com Itaboraí e São Gonçalo.Quando comecei a cobrir polícia, há 5 anos, os registros eram 90% provenientes do tráfico de drogas. Hoje temos outros tipos de crime, boa parte disso devido à população que veio morar na cidade graças ao Comperj. Não havia assalto em casa, por exemplo, agora tem”, opina a jornalista. Entre 2000 e 2010, a população de Rio Bonito aumentou em 11% – e o número pode ser maior, já que a data de inauguração do Comperj se aproxima.

De acordo com o estudo “Mapa da Violência”, do Instituto Sangari,os pólos de violência têm se deslocado das capitais para o interior dos estados por conta da estagnação econômica e do maior investimento em segurança nos grandes centros. Até o ano 2000, os municípios que registraram maior crescimento nos índices eram os que superavam os 100 mil habitantes. Na última década, no entanto, o crescimento dos homicídios centrou-se nos municípios de menor tamanho, principalmente na faixa de 20 a 50 mil habitantes. Segundo a pesquisa, se esta tendência continuar, as taxas de homicídio no interior vão ultrapassar as das capitais em menos de uma década. No momento, Rio Bonito coleciona mudanças radicais: o número de prisões, por exemplo, passou de quatro em janeiro de 2010 para 15 em outubro de 2013.

Enquanto isso, moradores tentam se adaptar a uma nova Rio Bonito.”Depois que uma pessoa foi morta em frente à praça principal, as pessoas perceberam que a cidade não é mais a mesma. Desde então, as pessoas acham que a solução é ter um PM em cada esquina, quando na realidade precisam mudar os hábitos porque a cidade não é mais aquela em que a gente ia da Sete de Maio para a pracinha às 2h da manhã e tudo bem. O mundo mudou, e Rio Bonito está dentro disso”, comentou a professora Sandra Mara, que mora no município há 38 anos.

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