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O varal que amplifica a notícia

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“É verdade, deu no Google”. A frase, compartilhada pelo cantor Lobão no Twitter à época das eleições, deixa claro os atuais mecanismos para conferir credibilidade a qualquer assunto: deu na Internet é verdade. As redes sociais, de modo geral, são as que mais colaboram para a disseminação de notícias (nem sempre verdadeiras) mundo afora. Segundo um estudo realizado pelo Adroit Digital em 2014, os americanos já assistem a mais conteúdos no Youtube do que na televisão. Este fenômeno, iniciado no século XXI, traz à tona diversas discussões sobre como a informação é produzida e de que maneiras ela circula nas redes sociais.
 
Criado há uma década, o Facebook começou como uma rede social apenas voltada para estudantes de Harvard, onde os quatro criadores do projeto estudavam. Dez anos depois, figura entre as redes sociais mais importantes do mundo, com mais de um bilhão de usuários. Através dele um número estratosférico de postagens, fotos, vídeos e links são curtidos e compartilhados minuto a minuto, sem fronteiras. Complementando a lista, Twitter, Youtube, Instagram e até mesmo o Whatsapp vêm sendo utilizados como ferramentas de comunicação em tempo real.
 
O que faz todos estes mecanismos ganharem força é o poder de transmídia que eles acabam somando. Ou seja, o mesmo conteúdo pode ser compartilhado em duas ou mais redes simultaneamente. Além disso, uma mesma notícia pode ser abordada de maneiras diferentes, de acordo com a rede onde está sendo compartilhada. As linguagens são adaptadas para engajar cada vez mais usuários.
 
O mais interessante é que este fenômeno se dá em todos os níveis da comunicação – e na comunicação comunitária não seria diferente. Com o barateamento do preço de computadores e smartphones e disseminação da internet banda larga via cabo ou wi-fi, o que se vê é a multiplicação de páginas e blogs para tratar tanto de temas gerais quanto específicos dentro das comunidades. Um exemplo clássico foi a cobertura realizada pelo jovem Rene Silva durante a invasão do BOPE ao Complexo do Alemão em 2010. Enquanto os veículos tradicionais não estavam dando importância ao assunto ou não tinham a possibilidade de fazer a cobertura local, Rene sem muitas técnicas específicas utilizou o espaço do Twitter para narrar os horrores da guerra que acontecia naquele momento.
 
Jornalismo tradicional e alternativo se complementam
 
Foto: Mídia Ninja/FlickrQuando começaram a ganhar força, na primeira década dos anos 2000, as redes sociais passaram a assustar os jornais tradicionais por seu enorme poder de viralização. Os protestos de 2013, por exemplo, foram um resultado da crescente tomada das redes pelo público. Desde as mobilizações até a disseminação das informações sobre tudo o que acontecia nos protestos era imediatamente compartilhado e se tornava viral antes mesmo de sair em algum veículo ‘oficial’, seguindo uma lógica inversa e fazendo com que os jornais tradicionais tivessem que se desdobrar para noticiar alguma novidade. A pesquisa Direito à Comunicação e Justiça Racial, do Observatório de Favelas, divulgada esse ano, revela que a página da Mídia Ninja teve, em média, mais de 5 milhões de acessos mensais entre 2013 e 2014.
 
Foto: Arquivo pessoalRepórter do Jornal Expresso, Bibiana Maia acredita que os grandes jornais não precisam se preocupar com estes casos. “Recentemente fizeram uma pesquisa na redação perguntando quem utilizava as redes sociais para buscar pautas e a resposta foi esmagadora: a maioria usava como fonte principal para procurar assuntos. Mas nosso trabalho também inclui filtrar o que é verdade ou mentira. Acho que isso levou o jornalismo tradicional a se encontrar, pois os jornalistas têm mais ferramentas para descobrir o que é verdadeiro ou falso. Ele pode ter mais facilidade para checar a informação”, acredita.
 
Foto: Arquivo pessoalDébora Oliveira, que recentemente abriu uma empresa de gerenciamento de conteúdo para mídias sociais, acha que o movimento tende a crescer ainda mais. "É um meio que tem muitas oportunidades, inclusive para quem quer trabalhar por conta própria, montar seu próprio negócio. Acho que não temos mais como regredir porque já estamos neste ambiente de redes sociais há pelo menos 10 anos. Muita coisa já evoluiu de lá pra cá e acho que vai continuar evoluindo. Pode até mudar o tipo de rede social, mas acho que elas vieram para ficar", opina.
 
Enquanto isso, o número de fanpages específicas de bairros ou favelas cresce a passos largos, criando uma identidade própria na maneira de fazer comunicação de dentro para fora, seja na linguagem ou no tipo de conteúdo. Nem sempre idealizados e alimentados por jornalistas formados, elas servem como principal fonte de informação para os moradores, muito mais do que outros veículos. A esteticista Danusa Costa, moradora de Campo Grande, diz que procura informações sobre o bairro e seu entorno e também sobre serviços. “As fanpages não são um canal só de notícias, têm também divulgação de muitas coisas úteis. Eu já comprei até móveis através destas postagens. Para mim é um meio muito eficiente", garante.

 

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