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Os Descolados dão vida nova ao Fumacê

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Fotos: Juliana Portella

Muito além de um grupo de dança, os amigos Fernando Coock, Felipe Salsa e Anderson Kipula formam um trio cheio de estilo e originalidade, que tem se destacado na cena musical carioca. Os três dizem que o grupo Os Descolados cumpre uma função social e esse trabalho é interpretado como um estilo de vida por seus criadores.

Tudo começou na favela do Fumacê, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, e está ganhando esferas maiores. Com talento, criatividade e disposição, há dois anos o trio se dedica, de forma incansável, a um desejo: viver da música. E não poupam em estilo de vestir, no jeito de dançar, cantar e compor.

Para o B-boy do grupo, Anderson Kipula, as referências são os movimentos break, hip hop e funk. Já Fernando Coock tenta definir o que é ser descolado: “Ter um estilo descolado é quando você usa uma coisa comum de um jeito diferente. Ser descolado é uma forma de viver, um jeito de pensar; é uma filosofia”.  Felipe Salsa complementa: “Nosso estilo não precisa ser de marca”.

Se o estilo parece complicado de definir, pois quem se define se limita, é fácil sentir a energia desse grupo de amigos entrosado e que tem em comum o envolvimento com a dança. O primeiro apoio veio da Agência de Redes para Juventude, programa que apoia projetos empreendidos por jovens de favelas e periferias. A partir daí, aprenderam a se organizar, a montar a trajetória de suas carreiras e a planejar as ações no território.

Uma das preocupações é envolver a comunidade nas apresentações. “A gente usa a nossa dança para transformar a realidade. Não adianta fazer sucesso se isso não se reverter em benefícios para a comunidade. Quando a gente produz um show lá no Fumacê, a gente contrata produtores locais, dá oportunidade para vendedores de bebidas de lá”, explica Fernando Coock. “É nisso que acreditamos. Não basta só mudar a nossa vida”, completa.

Mas não é fácil ser um artista na periferia. Além da falta de incentivo durante os anos de escola, os meninos contam que foi difícil convencer suas famílias de que a dança e a arte também são trabalho. Por fim, conseguiram provar que é possível e hoje eles são uma referência para outros jovens de comunidades: “Não tinha lugar de ensaio. Os meninos saíam de Realengo na luta e iam lá para a Zona Norte ensaiar”, conta Anderson Kipula.

Hoje, o foco é fortalecer o grupo e as ações de visibilidade para o Fumacê e o funk. Eles comemoram que, pela primeira vez, os jornais foram ao Fumacê para falar de arte e cultura. Em geral, os únicos fatos que eram noticiados sobre a região eram os episódios de morte e violência: “O cara que chegou no Fumacê e disse que não tinha artista agora tem que se calar, porque existe, sim”, diz a produtora do grupo, Jéssica Albuquerque.

Foto: Fabiano Albergaria

Com a agenda cheia de shows marcados até o final de 2014, eles comemoram os dois anos de trabalho com um grande feito: na sexta-feira (21), os Descolados resgataram o tradicional baile funk na quadra do Fumacê, que não acontecia desde 2009.

 

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