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Feira orgânica resgata praça na Penha

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Foto: Cássia Rejane Sanches

O bairro de Vila da Penha aderiu, há pouco mais de um mês, ao Circuito de Feiras Orgânicas Cariocas. Trata-se da primeira feira orgânica da Zona Norte, inaugurada em 31 de maio de 2014. O projeto nasceu da mobilização de moradores, que batalharam pela revitalização da praça Marechal Maurício Cardoso, ameaçada de virar sede da UPP – e já superou as expectativas dos organizadores em termos de faturamento e público. O Circuito de Feiras Orgânicas Cariocas estava até então presente unicamente na Zona Sul, Tijuca e Jacarepaguá.

Foto: Claudia SanchesMarcelo Nascimento, 39 anos, faz parte dos que apoiaram a novidade. Morador da Vila da Penha, ele aprecia não ter mais que se despencar para a Zona Sul para comprar verduras, legumes e frutas orgânicas. “Só consumo produtos orgânicos, e fiquei sabendo da feira através de um jornal de bairro. Acho que deveriam fazer divulgação em carros de som porque a demanda é grande e outros pontos poderiam ser criados no subúrbio”, sugere.

Apesar da pouca divulgação, o sucesso da primeira feira orgânica de subúrbio tem surpreendido produtores e feirantes associados. “Por serem bairros teoricamente de poder aquisitivo menor, achávamos que teríamos pequeno retorno. E para minha surpresa, a festa de inauguração foi uma das mais movimentadas e rentáveis”, afirma Paulo Roberto Lima, presidente da Associação de Agricultores Biológicos do Rio de Janeiro (ABIO). Segundo o produtor, com pouco mais de um mês de funcionamento, o movimento deu retorno econômico superior ao de outras feiras, em bairros mais abastados. “Para se ter uma ideia, o retorno deste empreendimento está melhor do que na Barra, onde os fregueses reclamam muito dos valores. Aqui ninguém reclama dos preços dos orgânicos” garante.

Foto: Claudia Sanches  Foto: Claudia Sanches

Comércio sem intermediários

A razão do sucesso está na relação de proximidade que a feira promove entre produtores e consumidores, chegando até a estabelecer um pacto econômico: a garantia, por parte dos produtores, de trabalhar com preço fixo o ano todo. “É uma vantagem para o cliente, que vai organizar seu orçamento para comprar, como para o produtor, que pode produzir a quantidade de acordo com a demanda”, esclarece o presidente da ABIO.

Foto: Claudia SanchesO fato dos feirantes comercializarem seus próprios produtos também contribui para estreitar os laços entre o cliente e o produtor, que pode contar um pouquinho da história e das propriedades de seus produtos. “Nossos artigos têm outra qualidade: o nutriente, o sabor, a textura. Os vegetais são pequenos, as pessoas dizem que são caros, mas lá na frente elas vão gastar em medicamentos. O consumidor experimenta, percebe a diferença e volta”, explica Rui Rodrigues, mais conhecido como “seu” Rui. Em sua barraca, por exemplo, curiosos experimentam uma verdura chamada ora-pro-nobis, rica em proteína, vitamina C e cálcio, enquanto o produtor conta a história do vegetal. “Os pesquisadores observaram uma cidade muito pobre em Minas Gerais em que as crianças eram muito bem nutridas. Através de um estudo descobriram que essa folha era consumida nas refeições. Hoje em dia está sendo desidratada e posta na merenda escolar em algumas cidades de Goiás” ensina o feirante.

A praça é nossa

Pode-se dizer, porém, que o principal legado da feira já vem sendo a revitalização da praça Marechal Maurício Cardoso, que divide os bairros de Penha e Olaria. Jonas Camacho, 69, membro do Grupo de Amigos e Defensores da Praça Marechal Maurício Cardoso, relata que a praça estava ameaçada de extinção para construção de uma UPP. “O governo queria extinguir a praça, chegaram a tirar os brinquedos e a academia da Terceira Idade. Começamos a nos mobilizar e nos informar para correr atrás da aprovação do projeto da feira”, conta.

Foto: Cássia Rejane SanchesA ideia da feira veio de Theo Cordeiro, 31, morador de Olaria. Consumidor de produtos sem agrotóxicos, ele já pensava em criar uma feira na região. Junto com outros voluntários e simpatizantes da causa da praça, ele batalhou durante dois anos para aprovar o ponto, e salvar a praça. “A praça é nossa, temos que tomar conta dela. Ela estava abandonada pelo poder público e não pelos moradores”, completa. Segundo Theo, a luta pela praça despertou o morador para a reflexão sobre patrimônio e espaço públicos. “Os moradores do subúrbio já vinham solicitando uma feira de orgânicos. A surpresa é que essa ação gerou uma integração entre as pessoas. É muito mais que um comércio, é um resgate de identidade da região da Leopoldina”, opina.

Graças à feira orgânica, a praça passou a ser um ponto de eventos culturais e encontros de artistas locais. Todo segundo sábado do mês, ela recebe um evento cultural. São aulas de ioga, oficinas de alimentação viva, teatro infantil, contação de histórias, além de exposições e apresentações musicais.

Foto: Cássia Rejane SanchesEntre as atividades, há a Dança Circular Sagrada, coordenada pela psicóloga e arte terapeuta Cássia Rejane Sanches. A proposta, inspirada de danças de vários povos do mundo inteiro, é celebrar a coletividade, a integração e a vida. “A Dança Circular Sagrada é uma vivência, não existe limite de idade, pode dançar desde a grávida e o bebê de colo até idosos. Para cá temos trazido muita tradição brasileira, como cirandas e rodas” detalha a professora.

A feira funciona todos os sábados, das 7h às 12h. Para participar das atividades, basta entrar em contato com Theo e enviar sua proposta através do e-mail leopoldinaorganica@gmail.com .

1 Resposta

  1. Anna

    No início da matéria o endereço da feira é dado como sendo na Vila da Penha. No final, informam que é entre os bairros Penha e Olaria. Gostaria de deixar uma observação: ainda que bairros tenham uma parte do nome igual, eles não são o mesmo. É assim com Tijuca e Barra da Tijuca, como também é com Penha e Vila da Penha.

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