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Renan: de São Gonçalo para Harvard

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Fotos: Arquivo pessoal

Se a educação é o que levou Renan Ferreirinha, de 20 anos, para a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, é também ela que o faz desejar voltar ao Brasil. Nascido e criado no bairro de Mutuá, em São Gonçalo, o jovem é bolsista integral de uma das melhores universidades do mundo. Há um ano, ele estuda Economia e pretende voltar ao Brasil para aplicar seus conhecimentos na melhora da gestão educacional no sistema privado e, principalmente, público.

“Acredito que muito dos problemas na educação brasileira são problemas de má gestão. O Brasil conseguiu atingir algo que muitos duvidavam: a universalização do ensino. O desafio agora é garantir uma educação de qualidade, o que estamos bem longe de atingir”, aponta o estudante, aprovado em outras oito universidades americanas, como Columbia, Yale, Princeton e Brown.

Renan lembra da própria trajetória escolar com carinho. O Jardim Escola Sonho de Criança, pertencente aos seus tios, foi sua “base escolar” e sua“segunda casa”. Em 2006, passou no concurso para a Escola Militar do Rio de Janeiro, onde concluiu o Ensino Médio. Ali, assumiu o posto de coronel-aluno, tendo a missão de comandar um batalhão escolar composto por 2 mil estudantes. Ao prestar vestibular, a escolha de curso foi quase natural: filho de uma professora de matemática e de um contador, ele carrega desde cedo a paixão pelos números. “Lembro que minha mãe treinava tabuada comigo todo dia. Devido à formação e ao estímulo dos meus pais, acabei tendo facilidade com matemática na minha trajetória escolar”, comenta.

Em 2013, estudou brevemente na Fundação Getúlio Vargas, onde era bolsista integral antes de ir para Harvard. Na instituição carioca, começou a dar asas ao seu sonho de melhorar a educação no país. Com seu amigo Gabriel Richter, fundou “O Formigueiro”, um site de financiamento coletivo voltado para a educação que conecta projetos de ONGs, instituições e escolas. Desde agosto de 2013, 230 doadores juntaram R$8 mil, que ajudaram aproximadamente 250 crianças e jovens. Antes de ir para os Estados Unidos, Renan já buscava levar a educação para todos de outra forma: dava aulas gratuitas de inglês, aos sábados, para crianças no Complexo do Lins, em uma ação do grupo Solidariedade em Marcha.

A vida nos Estados Unidos

Para Renan, sua experiência no Lins foi um dos pontos que favoreceu sua candidatura a Harvard. Ele lembra que o processo de aprovação foi difícil. “Além de fazer provas, temos que enviar nosso boletim escolar, pedir cartas de recomendação a professores, escrever redações e elaborar listas de atividades extracurriculares. Foi um processo bem longo, mas com muito esforço e esperança, acabou dando certo”, comemora. Hoje, Renan tem direito a alojamento, refeição e emprego no campus.

O estudante conta que, desde o começo, o apoio de amigos e família, além da solidariedade entre a comunidade de Harvard, o ajudaram a se adaptar à nova realidade. “Passar por um choque cultural é inevitável. Comida, clima, pessoas são diferentes e isso é normal. Acredito que passei bem por isso de forma geral. O fato de viver com gente de tudo que é canto do mundo é muito enriquecedor. Só no meu ano há alunos de 85 diferentes nacionalidades, o que torna a experiência única”, afirma.

Renan acredita que sua experiência possa o ajudar a fazer uma ponte entre as culturas dos dois países. “Os Estados Unidos podem aprender com a nossa afetividade, e nós podemos aprender com a eficácia e planejamento de tudo que eles fazem”, afirma. Na volta, além de melhorar a educação pública nacional, o jovem tem ainda outros planos. “Sinto falta de jogar futebol na minha rua, no Mutuá e lanchar no ‘podrão’ da praça Trindade com os amigos”, lembra.

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