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Festival leva teatro para moradores da Pavuna

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Fotos: Letícia Rocha
A inusitada proposta do Home Theatre – Festival Internacional de Cenas em Casa – é trazer o teatro para dentro da casa das pessoas. Já em sua segunda edição, o festival faz mais do que aproximar o teatro do público: ele aproxima cultura, gente, histórias e instiga muita curiosidade a cada peça apresentada. Diversas cidades do Rio estão neste circuito. Ao todo, são 50 casas participantes, do Leblon até a Pavuna, que durante 10 dias se tornam palco para as apresentações, todas gratuitas.

Izabel Cristina, 48, é dona de casa e moradora da Pavuna, nascida e criada no bairro. Apaixonada por teatro desde criança, ela aceitou o desafio de abrir as portas de sua casa para o Home Theatre. “Quero que meus filhos e quem está a minha volta participem do que é o teatro”, conta Izabel, que teve seu interesse por artes cênicas despertado ainda criança, quando participava de peças na escola. A primeira vez que a dona de casa teve contato com o Teatro em Casa foi como espectadora, na casa de uma amiga. “Eu participei e achei muito legal. Conheci a pessoa que criou o Teatro em Casa, o Marcus Faustini. Achei inovador e falei ‘Se um dia eu tiver oportunidade quero levar isso pra minha casa, pras pessoas’ e isso aconteceu”. Frequentadora da Arena Cultural Jovelina Pérola Negra, na Pavuna, onde fica a sede do Festival, ela acredita que isso incentivou seu envolvimento e pretende repetir a dose na próxima edição.

O espetáculo apresentado na casa de Izabel na quinta, 22, foi “A vida por um fio”, um conjunto de cenas extraído da peça “As três fiandeiras”, dos irmãos Grimm, em processo de montagem pelo Grupo Xama Teatro. Entre os participantes mais ansiosos com a estréia, estava Igor Nascimento, autor e diretor da peça. Além de ser sua primeira vez no Festival, era a primeira vez que apresentava este trabalho ao público. O contato direto com a platéia gerou grande expectativa. “Expectativa de estar mais próximo, ver ações, se vai dar certo. Você sente de muito perto, é muito fervoroso, novo”, comenta.

Esta noite foi a primeira experiência com teatro de Maria Léa, 70 anos. Moradora da Pavuna, Maria Léa conta que não gosta muito de cinema e que nunca foi à arena cultural próxima de sua casa. A experiência, no entanto, foi tão boa que ela decidiu repetir. “Gostei muito, coisa nova, eu acho que a gente tem que participar. Eu ando muito desanimada, aí minha filha falou: vai que é uma coisa diferente”, revela. A idosa ainda conta que pretende passar a frequentar o equipamento cultural ao lado de casa. “Agora eu vou procurar viver um pouco, foi uma experiência que me deu vontade de fazer mais vezes” diz animada, e espantada por já estar mudando sua rotina caseira. “Eu não pensava ficar aqui até a essa hora, mas gostei tanto que fiquei. Foi ótimo”.

Elizabete Rodrigues de Melo, vizinha de Izabel, também esteve na apresentação. Auxiliar de serviços gerais na Arena Jovelina Pérola Negra, ela assiste a todos os eventos de lá, de shows a peças de teatro. Para esta edição, Elizabete foi convidada a abrir sua casa para uma das cenas da programação, e prontamente concordou. “Já estou acostumada e gosto”, garante, revelando que está ansiosa para descobrir qual peça será apresentada na sua casa, na noite de hoje (23).

Para Marcus Vinicius Faustini, cineasta e idealizador do Home Theatre, a ideia é apresentar o teatro fora do seu espaço convencional e rediscutir o conceito de cidade, com um festival descentralizado que se convida dentro da casa das pessoas. O Home Theatre começou dia 15 e se estende até domingo, 25. Além das peças, o festival traz debates, oficinas, e uma mostra competitiva com prêmios que totalizam 6 mil reais.

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