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O socorro que vem da Maré

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Se depender dos voluntários do Núcleo de Socorristas da Maré (Nusomar), nenhum morador da comunidade correrá risco de vida por conta da demora da assistência médica. Fruto de um curso de formação em primeiros socorros da Cruz Vermelha, o grupo existe, desde 2012, para enfrentar antigos obstáculos como a dificuldade de acesso, por parte dos bombeiros, por exemplo. Mesmo com oito voluntários e dinheiro insuficiente em caixa, o Nusomar tem vários planos, como um curso de formação de instrutores de primeiros socorros.

O projeto do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em parceria com a Cruz Vermelha (CVB), Filial do Estado do Rio de Janeiro – que deu origem ao núcleo – capacitou cerca de 300 moradores da Maré em técnicas básicas de primeiros socorros, entre 2009 e 2013. O programa é desenvolvido em outros países em comunidades onde há violência armada. No Rio de Janeiro, o Nusomar é o pioneiro do projeto, mas Parada de Lucas, Vigário Geral e Vila Vintém também receberam a formação, que inclui o uso de bonecos e simulações.

Ao longo desses anos, não faltam histórias, lembranças e satisfação. Elizabeth Ramalho, professora de artesanato no Instituto Vida Real, já prestou vários tipos de socorro, mas diz que o primeiro foi o mais marcante. “Eu ainda estava na formação e um rapaz se acidentou no meio da rua, abrindo o pulso. Consegui manter a calma”, conta Elizabeth, formada em 2010.

“Fiz um socorro em 2011 durante o corriqueiro confronto entre traficantes da Baixa do Sapateiro e Nova Holanda. Me avisaram que havia uma menina baleada e meus amigos me alertaram que o tiroteio estava intenso. Aí eu fui pedir para os traficantes dos dois lados pararem de atirar para eu realizar o socorro”, lembra o pastor evangélico Cleber Alves, hoje presidente do Nusomar. “Eu não tinha nada, fui com a cara e a coragem. O que mais somos treinados é para não colocar mão na vítima sem luva. Fiz um curativo de três pontas com uma sacola de mercado na mão. Até hoje a menina mora no mesmo local, passa por mim, fala comigo, mostra a cicatriz”, se emociona Cléber. Ele, que inicialmente fez o curso da Cruz Vermelha para enriquecer o currículo, é reconhecido por moradores na rua e frequentemente acionado pelos vizinhos.

Fotos: Vitor Madeira

Elizabeth conta que o Nusomar continua tendo apoio da Cruz Vermelha, mas está em busca de parceiros locais para dar continuidade e crescimento às atividades. Hoje, o núcleo funciona na Rua Principal, ao lado da Região

Para o presidente do Nusomar, mesmo com a possível chegada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Maré, o trabalho do grupo não vai mudar. “Os acidentes acontecem em qualquer lugar. A Maré vai continuar cheia de becos e vielas e nós, que somos moradores, é que sabemos andar por aqui. Na verdade nós vamos é facilitar o trabalho dando o primeiro atendimento até que o socorro especializado chegue”, prevê Cléber Alves, que investe na divulgação do Nusomar para representações públicas, comunitárias e moradores. Administrativa, na Baixa do Sapateiro, e oferece assistência, palestras e curso de formação em primeiros socorros, com carga horária de 16h.

Para saber mais sobre o Nusomar, seu cursos ou até pedir ajuda, é só ligar para 7756-5240 (Elizabeth) ou 99546-9923 (Cléber). Outra opção é o email nusomar.rj@gmail.com ou o grupo facebook.com/groups/NUSOMAR.

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