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Cinema oferece novo olhar à Baixada

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Fotos: Divulgação

No bairro de Austin, em meio ao trânsito desordenado e às casas humildes, surge um lugar improvável: a Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu. Há sete  anos, o projeto leva, mais do que técnicas cinematográficas, uma nova ferramenta aos moradores da região: o aprimoramento do olhar. Segundo a produtora  da ELC, Luana Pinheiro, a intenção não é exatamente formar cineastas, mas oferecer um novo conhecimento e uma atividade complementar a crianças, jovens  e adultos.

Tudo começou com uma parceria com o programa municipal Bairro-Escola, onde as aulas da ELC funcionavam como atividade cultural no contraturno da  educação infantil. Hoje, as crianças continuam participando de oficinas, que são oferecidas durante a semana para estudantes com idade entre 9 e 16 anos.  Aos sábados, as oficinas são voltadas para o público de jovens e adultos, com duas turmas – ministradas por alunos da UFF e pelo Cineclube Mate com Angu,  de Caxias.

Para Katleen Ferreira, moradora de Queimados e aluna da oficina do Mate com Angu, a ELC leva os alunos a pensarem sobre o lugar onde moram. “Dentro da oficina a gente enxerga melhor o local onde a gente vive. Vamos olhar melhor esse lugar, vamos ver o que ele tem para oferecer” exemplifica Katleen, que sonha em se profissionalizar na área.

Apesar da Luana Pinheiro afirmar que a formação técnica não é o principal objetivo para os alunos da ELC, o sonho da inserção no mercado audiovisual também faz parte dos planos de Josy Antunes. Ela conheceu a ELC em 2008 e desde então, tem currículo extenso na área: fez graduação em Rádio e TV, especialização em Montagem e está concluindo a especialização em Direção de Arte. Ela trabalha atualmente na 4U Films, produtora tocada com alguns amigos (alguns ex-alunos da ELC).

“Naquela época, em 2008, era fantástica a possibilidade de estudar cinema em Nova Iguaçu e de graça!”, festeja Josy. “Nos dois anos que se seguiram, eu me inscrevia em tudo que a ELC oferecia. Ali, tive meu primeiro contato com edição e percebi que era isso que eu queria fazer da vida” diz. Para ela, a ELC foi “transformadora”.

A Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, além de influenciar diretamente a vida de seus estudantes, ajuda também a desviar a produção cultural, tradicionalmente concentrada na capital, para a Baixada. “Esse tipo de oportunidade não costumava chegar pra quem mora na periferia. Você precisaria ir pra fora buscar. Eu não teria saído pra buscar cultura se eu não tivesse sido apresentada a esse universo”, conta Josy. O mercado do cinema pode até ser restrito, mas quem iniciou na Escola Livre aprende desde cedo que a Baixada tem seu mercado próprio e não precisa se inserir no “grande mercado” para realizar suas produções.

“Há quatro anos atrás, encontrei um mercado em crescimento e com grande potencial de sucesso, tendo a Baixada Fluminense em destaque com filmes, festivais e novos artistas brotando, porém com poucos recursos disponíveis”, opina Elaine, para quem a realidade continua parecida na região, apenas com um crescimento um pouco mais acelerado no setor audiovisual. Ela acredita que a Escola é um pólo essencial para o crescimento cultural e intelectual da cidade. “Foi a primeira iniciativa gratuita de qualidade a qual tive acesso”, conta Elaine, que também deseja seguir a carreira no meio audiovisual. Ela já produziu o Festival de Cinema de Nova Iguaçu (Iguacine), já participou da equipe do Cineclube Buraco do Getúlio e montou a Levi Produções, em sociedade com outro aluno da ELC, Vitor Clin.

Mesmo acreditando no potencial da Baixada Fluminense por meio de seus artistas e produtores culturais, Elaine acha que é necessário um novo planejamento de distribuição de incentivos, para que a Baixada ganhe seu devido espaço no mercado. “Ações como a ELC fazem os olhares se voltarem pra Baixada, e é substancial ver a quantidade de profissionais capacitados para a arte formados por essa ação”, conclui.

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